
A ONU alerta que atraso em pausa humanitária pode aumentar o risco de disseminação do vírus entre crianças palestinas e israelenses
A confirmação do primeiro caso de poliomielite na Faixa de Gaza em 25 anos acendeu um alerta global, especialmente após o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa), Philippe Lazzarini, destacar que a doença não fará distinção entre crianças palestinas e israelenses. Lazzarini alertou, nesta sexta-feira (23), que o atraso em uma pausa humanitária pode aumentar o risco de propagação do vírus entre crianças dos dois lados do conflito.
O caso confirmado é de um bebê de 10 meses, residente na cidade de Deir al-Balah, que não havia recebido nenhuma dose das vacinas previstas contra a poliomielite. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que o poliovírus tipo 2, detectado em amostras ambientais em Gaza, foi identificado como o causador da paralisia na perna esquerda da criança, que está em estado estável.
Diante da ameaça, a OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) preparam duas rodadas de vacinação em Gaza para conter a propagação do vírus, com a meta de vacinar mais de 640 mil crianças menores de 10 anos. A campanha se faz urgente, considerando a redução da cobertura vacinal em Gaza devido ao conflito, com a taxa de imunização contra a pólio caindo de 99% em 2022 para menos de 90% em 2023 e no início de 2024.
Além da poliomielite, a situação precária de saúde, saneamento e nutrição em Gaza também aumenta o risco de outras doenças, como sarampo, hepatite A e infecções respiratórias agudas. A OMS e a Unrwa pedem uma ação rápida para garantir que as vacinas e os equipamentos de refrigeração necessários cheguem a Gaza em tempo hábil, visando a proteção de todas as crianças da região.