UFMG desenvolve vacina brasileira contra mpox em meio a nova emergência global

Foto: Breno Esaki/Agência Brasília

 

Imunizante nacional está em fase de produção ampliada; OMS declara emergência devido ao aumento de casos e nova variante

 

 

Desde a primeira emergência global por mpox, há dois anos, o Centro de Tecnologia de Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tem trabalhado no desenvolvimento de um imunizante brasileiro para prevenir a infecção. De acordo com nota divulgada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), essa iniciativa é uma das prioridades da Rede Vírus, um comitê de especialistas criado para o desenvolvimento de diagnósticos, tratamentos, vacinas e produção de conteúdo sobre vírus emergentes no Brasil.

No último dia 14, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, declarou emergência em saúde pública de importância internacional devido ao aumento de casos de mpox e ao surgimento de uma nova variante no continente africano. Dados do Ministério da Saúde revelam que, este ano, 709 casos da doença foram identificados no Brasil, embora nenhum até o momento tenha sido causado pela nova variante.

Em 2022, o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos doou à UFMG material conhecido como semente do vírus da mpox, um insumo essencial para o desenvolvimento do insumo farmacêutico ativo (IFA), matéria-prima utilizada na produção da vacina. Segundo o MCTI, a pesquisa agora está focada em aumentar a produção e garantir matéria-prima suficiente para atender a demanda em larga escala.

A vacina brasileira é composta por um vírus semelhante ao da mpox, que foi atenuado através de passagens em um hospedeiro diferente, até perder a capacidade de se multiplicar em mamíferos, incluindo humanos.

Atualmente, existem duas vacinas contra a mpox disponíveis no mercado, segundo a OMS. A Jynneos, produzida pela farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, também é composta por um vírus atenuado e é recomendada para adultos, incluindo gestantes, lactantes e pessoas com HIV. O segundo imunizante, ACAM 2000, da farmacêutica norte-americana Emergent BioSolutions, tem mais contraindicações e efeitos colaterais, por ser composto pelo vírus ativo, tornando-o menos seguro conforme avaliação do MCTI.

Em resposta à nova declaração de emergência da OMS, o Ministério da Saúde anunciou que está negociando a compra de 25 mil doses da vacina Jynneos junto à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Desde 2023, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso provisório da vacina, o Brasil já recebeu cerca de 47 mil doses e aplicou 29 mil.