
Estudos indicam que o vinho tinto pode oferecer benefícios para a saúde cardiovascular e cerebral, mas especialistas ressaltam a importância do consumo moderado e alertam sobre os riscos do exagero
Durante anos, o vinho tinto foi promovido como uma bebida alcoólica que poderia trazer benefícios à saúde, especialmente para o coração. De acordo com o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), essa fama não é infundada. O vinho tinto possui uma boa quantidade de polifenóis, antioxidantes que ajudam na saúde cardiovascular. “Esses componentes, como o resveratrol, facilitam a circulação sanguínea, reduzem a formação de trombos e oferecem neuroproteção”, explica Ribas Filho.
A nutricionista Daniela Cierro, da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), também ressalta os benefícios potenciais do consumo moderado de vinho. “Ele pode prevenir doenças cardiovasculares e câncer, além de proteger o sistema nervoso”, afirma. Ela destaca que os polifenóis, em especial o resveratrol, não são produzidos naturalmente pelo corpo e precisam ser obtidos por meio da alimentação.
O Que Diz a Ciência?
Diversos estudos reforçam a ideia de que o vinho tinto, consumido com moderação, pode trazer benefícios à saúde. Uma revisão publicada em 2019 associou o consumo da bebida a um menor risco de doença arterial coronariana. Outro estudo de 2015 sugere que beber uma taça de vinho junto a uma alimentação saudável pode reduzir o risco cardiovascular em pessoas com diabetes tipo 2.
Além disso, pesquisas indicam que os polifenóis presentes no vinho tinto podem melhorar a microbiota intestinal e até mesmo oferecer proteção ao cérebro contra danos após um derrame ou lesão.
Vinho Branco Também Traz Benefícios?
Embora o vinho branco também contenha polifenóis, sua quantidade é menor em comparação ao vinho tinto. Segundo Ribas Filho, os benefícios estão principalmente na casca da uva, que é mais presente no vinho tinto. Daniela Cierro recomenda atenção à leitura dos rótulos para verificar a presença de componentes adicionais, como açúcar, que podem reduzir os benefícios.
O Consumo Moderado é Essencial
Apesar dos benefícios potenciais, tanto Ribas Filho quanto Cierro alertam para os perigos do consumo exagerado de vinho. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como moderado o consumo diário de 90 ml para mulheres e 180 ml para homens. Exceder essas quantidades pode levar a sérios problemas de saúde, como aumento do risco de câncer, doenças hepáticas e problemas cardiovasculares.
É importante lembrar que os especialistas não incentivam o consumo de álcool, mas sim destacam os benefícios dos compostos presentes na uva. Recentemente, uma pesquisa revelou que muitos estudos sobre os benefícios do vinho podem ter falhas metodológicas, sugerindo que os efeitos benéficos podem não ser tão significativos quanto se acreditava.
O debate sobre o consumo de vinho continua, e a moderação parece ser a chave para qualquer possível benefício à saúde.