Bahia confirma duas mortes por febre oropouche

© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

 

Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) anuncia óbitos e destaca a necessidade de reforçar a vigilância epidemiológica diante do avanço da doença no Brasil

 

 

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) confirmou duas mortes por febre oropouche, conforme análises da Câmara Técnica de Análise de Óbitos da Diretoria de Vigilância Epidemiológica estadual. A infecção é causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense (Orov), transmitido por mosquitos.

O primeiro óbito confirmado foi de uma mulher de 21 anos, sem comorbidades, ocorrida em 27 de março. A vítima era moradora do município de Valença (BA). A segunda morte confirmada foi de outra mulher, também sem comorbidades, de 24 anos, residente em Camamu (BA), que faleceu em Itabuna (BA) em 10 de maio. A morte foi divulgada nesta segunda-feira (22), após a confirmação da causa do óbito por exames.

Sintomas e Evolução da Doença

As pacientes que morreram por febre oropouche apresentaram sintomas como febre, dor de cabeça, dor retro-orbital, mialgia, náuseas, vômitos, diarreia, dores nos membros inferiores e fraqueza. Ambas evoluíram com sinais mais graves, incluindo manchas vermelhas e roxas pelo corpo, sangramento nasal, gengival e vaginal, sonolência, vômitos com hipotensão e sangramento grave, além de uma queda abrupta de hemoglobina e plaquetas no sangue.

Investigação e Aumento de Casos

O Ministério da Saúde investiga mais uma morte suspeita de febre oropouche em Santa Catarina. Em 2023, foram confirmados 832 casos da doença. Em 2024, foram registrados 7.236 casos em 16 estados, representando um aumento de 770,19% no número de casos notificados. Inicialmente concentrados na Região Norte, os casos passaram a ser identificados em outras regiões do país.

A detecção de casos foi ampliada para todo o país em 2023, após o Ministério da Saúde disponibilizar diagnósticos para a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen).

Alertas e Reforço na Vigilância

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) destacou o aumento nos casos da doença, principalmente em municípios do Amazonas, Acre e Roraima, que fazem fronteira com Bolívia, Colômbia, Peru e Venezuela. Na sexta-feira (18), a Opas emitiu um alerta epidemiológico aos países membros sobre possíveis casos de transmissão do vírus Orov de mãe para bebê durante a gestação.

O alerta recomenda reforçar a vigilância diante da possível ocorrência de casos similares em outros países com a circulação do vírus Orov e outros arbovírus. Em Pernambuco, foram notificados dois casos suspeitos de transmissão vertical, resultando na morte do feto em um caso e em um aborto espontâneo no outro.

Nota Técnica e Orientações

No último dia 11, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica a todos os estados e municípios recomendando o reforço da vigilância em saúde sobre a possibilidade de transmissão vertical do vírus. A nota técnica visa também orientar a sociedade sobre a arbovirose.

A medida foi adotada após o Instituto Evandro Chagas (IEC/MS) detectar a presença do genoma do vírus em um caso de morte fetal e de anticorpos em amostras de quatro recém-nascidos com microcefalia. No entanto, o ministério destacou que não há evidências científicas consistentes sobre a transmissão do vírus Orov da mãe infectada para o bebê durante a gestação, nem sobre o efeito da infecção sobre malformações de bebês ou aborto.

Febre Oropouche: Sintomas e Tratamento

A febre oropouche é uma doença viral transmitida, principalmente, pela picada do mosquito maruim (Culicoides paraensis) e por espécies do mosquito Culex. No Brasil, o vírus foi isolado pela primeira vez em 1960. A doença apresenta sintomas semelhantes aos da dengue, incluindo febre de início súbito, cefaleia, mialgia e artralgia, além de tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos.

Os sintomas duram cerca de 2 a 7 dias, mas até 60% dos pacientes podem apresentar recorrência após 1 a 2 semanas das manifestações iniciais. Embora a maioria dos casos tenha evolução benigna e sem sequelas, ainda não há terapias específicas para a febre oropouche. O tratamento apenas alivia os sintomas.