
A missão chinesa Chang’e-6 retorna à Terra com amostras do lado oculto da Lua, abrindo novas oportunidades para a exploração lunar e a compreensão geológica do satélite
O lado oculto da Lua, objeto de crescente interesse científico, recebeu recentemente um novo marco com a missão Chang’e-6 da China. A missão retornou ao nosso planeta trazendo amostras lunares coletadas na Bacia do Polo Sul-Aitken, prometendo anos de análises que poderão oferecer novas compreensões sobre a geologia lunar e a evolução do Sistema Solar.
Mistérios do Lado Oculto
A Lua apresenta sempre o mesmo lado para a Terra, devido ao seu movimento síncrono, um fenômeno onde o satélite natural leva o mesmo tempo para girar em torno de seu eixo e ao redor do nosso planeta. O lado oposto, conhecido como lado oculto, tem características geológicas distintas, com uma grande quantidade de crateras e poucas planícies basálticas.
“O lado oculto da Lua está sempre fora da observação da Terra devido ao comportamento orbital da Lua em relação ao nosso planeta, conhecido como movimento síncrono”, explica Mirian Castejon, astrônoma do Planetário do Ibirapuera, em São Paulo. “Essa sincronicidade faz com que os observadores da Terra vejam a Lua como se ela estivesse congelada, aparentemente sem rotação.”
Histórico de Exploração
A primeira observação do lado oculto ocorreu em 1959, quando a nave russa Luna 3 fotografou a região. Desde então, a exploração do lado oculto tem sido limitada. Apenas em 2019, a missão chinesa Chang’e-4 pousou uma sonda não tripulada na área, seguida agora pela Chang’e-6.
A Missão Chang’e-6
No dia 1º de junho de 2024, a sonda lunar Chang’e-6 pousou na Bacia do Polo Sul-Aitken, tornando a China o primeiro país a exibir sua bandeira nacional na região. O veículo alunissou com sucesso, coletando amostras com o auxílio de uma broca e um braço robótico. Após o retorno à Terra, as amostras foram entregues à Academia Chinesa de Ciências no dia 28 de junho, para análises detalhadas.
Segundo a Administração Espacial Nacional da China (CNSA), as amostras coletadas podem diferir das previamente obtidas do lado visível da Lua, apresentando características mais pegajosas e espessas. “Os pesquisadores estão ansiosos para estudar o material trazido pela Chang’e-6, pois será a primeira vez que terão acesso a amostras do lado oculto da Lua”, destaca Castejon.
Futuro da Exploração Lunar
A missão Chang’e-6 é apenas um passo nos ambiciosos planos de exploração lunar da China. O líder chinês Xi Jinping descreveu a ocasião como um marco fundamental, mas não o fim dos esforços. Até 2030, a CNSA pretende enviar uma missão tripulada à Lua, com o objetivo de construir uma base lunar, facilitando estudos mais extensivos sobre a geologia lunar e a evolução de outros corpos celestes, incluindo a Terra.
A colaboração internacional será crucial nesse esforço, com as amostras da Chang’e-6 sendo analisadas por cientistas de diferentes partes do mundo. Esse intercâmbio científico promete avanços significativos na compreensão da história e da dinâmica da Lua, contribuindo para o conhecimento coletivo da humanidade sobre o nosso satélite natural e o Sistema Solar.