Avanços na cobertura vacinal infantil

Fotos: Jhonathan Cantarelle/Agência Saúde-DF

 

Especialistas destacam o impacto positivo das iniciativas governamentais, das sociedades médicas e do empenho dos pais e responsáveis na imunização infantil no Brasil

 

 

Os esforços coordenados entre governo, sociedades médicas e famílias resultaram em avanços significativos na cobertura vacinal infantil no Brasil. Especialistas afirmam que o aumento na imunização tem efeitos imediatos e diretos na saúde pública, salvando vidas e prevenindo doenças graves.

De acordo com uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (15) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de crianças não vacinadas no Brasil diminuiu, retirando o país da lista dos 20 com mais crianças não imunizadas.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, atribuiu essa melhoria ao Movimento Nacional pela Vacinação, lançado pelo governo em fevereiro de 2023. “Desde 2016, o Brasil enfrentava quedas crescentes nas coberturas vacinais de vários imunizantes do calendário infantil. Conseguimos reverter esse cenário com a volta da ciência e da confiança da população brasileira nas vacinas do SUS”, comemorou Nísia.

Aumento na Cobertura Vacinal

A pesquisa revelou que a cobertura vacinal aumentou para 13 das 16 principais vacinas do calendário infantil, com uma média de alta de 7,1 pontos percentuais. Entre os destaques de crescimento estão as vacinas contra a poliomielite, pentavalente, rotavírus, hepatite A, febre amarela, meningocócica C, pneumocócica 10, tríplice viral e o reforço da tríplice bacteriana.

Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), explicou que a reversão na queda da cobertura vacinal tem um impacto imediato e direto na saúde das crianças. “Aumentar a imunização salva vidas e evita doenças graves”, afirmou Bravo.

Melissa Palmieri, do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), destacou que a maior proporção de vacinados também protege indiretamente aquelas crianças que, por motivos médicos, não podem receber determinadas vacinas.

Confiabilidade e Combate à Desinformação

Bravo apontou que o sucesso na vacinação em 2023 foi resultado de um esforço conjunto do Ministério da Saúde, das sociedades médicas e das famílias, que recuperaram a confiança nas vacinas mesmo diante de notícias falsas e desinformação sobre riscos e efeitos adversos dos imunizantes.

“É muito complicado para a população lembrar do impacto dessas doenças que controlamos com a vacinação. A falta de medo da doença, associada ao medo das vacinas e a desinformação, prejudicou a cobertura vacinal”, disse Bravo.

Palmieri reforçou a importância de buscar informações confiáveis sobre a vacinação com pediatras e instituições de saúde reconhecidas. “Os pais devem se informar com fontes confiáveis para tomar a melhor decisão em vacinar seus filhos”, recomendou.

Estratégias de Sucesso e Microplanejamento

Uma das estratégias adotadas pelo Ministério da Saúde em 2023 foi o microplanejamento, método recomendado pela OMS, que adapta as ações de imunização às características locais das cidades. Essa abordagem personalizada foi essencial para aumentar a cobertura vacinal em todo o país.

O Ministério da Saúde repassou R$ 150 milhões em 2023 para apoiar as ações de imunização nos estados e municípios, com foco no microplanejamento. O mesmo valor está sendo destinado para este ano.

Bravo enfatizou que o avanço do Brasil no cenário global é um recado para o mundo sobre a eficácia do programa nacional de imunização. “É uma comprovação de que sabemos trabalhar, temos vontade e, com apoio, podemos recuperar nosso protagonismo na imunização.”

Importância da Vacinação Contínua

A diretora da Sbim alertou que todas as vacinas do calendário infantil são prioritárias. “Basta um caso de doença prevenível para virar um surto. A poliomielite, o sarampo e a coqueluche podem voltar ao cenário epidemiológico se a cobertura vacinal for baixa”, destacou Bravo.

Palmieri lembrou que tanto o governo quanto os pais têm a obrigação de garantir a segurança das crianças, assegurando a vacinação conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente.

“O Zé Gotinha viajou pelo Brasil levando a mensagem de que vacinas salvam vidas”, concluiu a ministra Nísia Trindade, destacando o papel da campanha de vacinação e a confiança nas vacinas do SUS para alcançar esses resultados positivos.