
Medida visa intensificar vigilância em gestantes e recém-nascidos
O Ministério da Saúde emitiu esta semana uma recomendação urgente aos estados e municípios brasileiros para intensificar a vigilância em saúde diante da possibilidade de transmissão vertical do vírus Oropouche. A medida foi tomada após o Instituto Evandro Chagas detectar anticorpos do vírus em amostras de um caso de abortamento e em quatro casos de microcefalia.
Segundo nota oficial do ministério, embora haja presença do vírus em gestantes, ainda não é possível estabelecer uma relação direta entre a infecção e o óbito fetal ou as malformações neurológicas observadas nos bebês. Diante dessa constatação, a pasta orienta que sejam intensificados os esforços de vigilância nos meses finais da gestação e no acompanhamento dos bebês nascidos de mulheres que tiveram infecções prévias por dengue, Zika, Chikungunya ou febre de Oropouche.
Entre as recomendações destacadas no documento estão a coleta de amostras para análise laboratorial, o preenchimento completo das fichas de notificação e a sensibilização da população sobre medidas de proteção às gestantes. Entre essas medidas estão evitar áreas com presença de mosquitos e maruins, instalar telas em portas e janelas, utilizar roupas que cubram o corpo e aplicar repelente de forma adequada.
A detecção de casos de Oropouche foi ampliada para todo o país em 2023, após a distribuição de testes diagnósticos para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Anteriormente concentrados na Região Norte, os casos passaram a ser identificados também em outras regiões do Brasil.
“A descoberta reforça a eficiência da vigilância epidemiológica no SUS, especialmente no que tange à possível transmissão vertical de doenças, essencial para diagnósticos precoces e proteção de gestantes e recém-nascidos”, destacou o ministério.
A febre Oropouche é causada pelo arbovírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) e apresenta sintomas como febre súbita, dores musculares e articulares, além de outros sintomas como tontura, dor nos olhos, calafrios, náuseas e vômitos. Cerca de 60% dos pacientes podem ter febre e dor de cabeça persistentes por até duas semanas. Atualmente, não existe tratamento específico para a doença, sendo a prevenção baseada na proteção contra os mosquitos transmissores.
Desde sua identificação no Brasil em 1960, a febre Oropouche tem sido observada principalmente na região amazônica, com casos também registrados em países vizinhos como Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela. Com a expansão das investigações no país, foram confirmados até o momento 7.044 casos, com transmissão local em 16 estados brasileiros.