Semana mundial da alergia enfatiza desafios e avanços no tratamento

Foto de Nathália Rosa na Unsplash

 

Evento organizado pela Organização Mundial de Alergias busca aumentar a conscientização sobre a condição

 

 

A Organização Mundial de Alergias (WAO – World Allergy Organization) promove a Semana Mundial da Alergia até o próximo dia 29, com o tema “Superando os Obstáculos em Alergia Alimentar”. O objetivo é chamar a atenção da sociedade para a importância da conscientização e do manejo adequado das alergias alimentares.

Daniel Magnoni, presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição (IMEN), destacou à Agência Brasil que, no passado, a alergia alimentar e suas consequências, especialmente no trato gastrointestinal, passavam despercebidas devido ao pouco conhecimento disponível. “Hoje em dia, estamos nos habituando a tratar e identificar”, afirmou. Segundo Magnoni, a alergia alimentar afeta todas as faixas etárias, especialmente crianças e idosos, que são mais suscetíveis a complicações graves.

Magnoni explicou que a identificação da alergia alimentar envolve uma consulta detalhada com o paciente e a investigação de sintomas como diarreia, distensão abdominal, cólicas e reações na pele. Ele destacou a importância de identificar o nexo causal entre a ingestão de alimentos e os sintomas apresentados.

As alergias alimentares podem ser fatais, pois o consumo continuado de alimentos alergênicos pode levar à desnutrição ou má nutrição. Magnoni citou a alergia ao leite de vaca como um problema sério, mas que pode ser gerido com a substituição por leites vegetais, como soja ou aveia. Ele enfatizou a necessidade de educação nutricional para evitar desnutrição e manter a saúde dos pacientes.

Lucila Camargo, coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), confirmou um aumento nas alergias alimentares verdadeiras no Brasil. Ela ressaltou a importância de uma avaliação especializada para diferenciar alergia alimentar de outras condições e mencionou a dificuldade de acesso a testes diagnósticos precisos, como o teste de provocação oral (TPO), tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto no sistema privado.

Camargo destacou que os testes alérgicos disponíveis em farmácias podem levar a diagnósticos errôneos, causando dietas de restrição desnecessárias e prejudicando a qualidade de vida. Ela enfatizou a necessidade de consultas com especialistas para um diagnóstico correto e tratamento adequado.

A médica também alertou sobre a importância da conscientização em escolas e restaurantes para evitar o contato acidental com alimentos alergênicos. Para casos graves, como a anafilaxia, é recomendada a adrenalina autoinjetável, que ainda não está amplamente disponível no Brasil.

Camargo concluiu que a alergia alimentar é um problema de saúde pública em crescimento, afetando principalmente crianças. Os alimentos mais comuns que causam alergia incluem leite, ovo, soja, trigo, peixes, frutos do mar, amendoim, castanhas e, em alguns países, o gergelim. No Brasil, a banana também entrou recentemente na lista de alimentos alergênicos. Ela observou que os casos estão se tornando mais frequentes, graves e persistentes, destacando a necessidade de maior atenção e recursos para o manejo da condição.