
Pesquisa revela melhora significativa na saúde mental e física de pacientes oncológicos após programa de atividades regulares
Um estudo brasileiro envolvendo pacientes idosos demonstrou os benefícios de exercícios físicos regulares durante tratamentos de câncer em estágio avançado. A pesquisa, apresentada no Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ACSO), que termina nesta terça-feira (6) nos Estados Unidos, contou com a participação de 41 pacientes com idade média de 70 anos.
Durante 12 semanas, os pacientes, diagnosticados com câncer de mama, genitourinário e de pulmão, seguiram um programa de atividades que incluiu exercícios de resistência e aeróbicos por 3 a 5 horas semanais, divididas em 4 a 6 dias por semana.
Ao final do programa, os participantes apresentaram uma diminuição significativa nos níveis de depressão e ansiedade. Além disso, foram observadas melhorias no estado físico, com redução de dores, fadiga e náusea. Os exercícios também ajudaram a reduzir os efeitos adversos do tratamento do câncer.
“Podemos concluir que, alinhado com a recente literatura médica sobre o assunto, devemos estimular os pacientes a manterem-se fisicamente ativos e, de preferência, a praticar exercícios, independentemente de idade ou estágio da doença. Naturalmente, essa recomendação deve ser corroborada e monitorada pelo médico que conduz o caso”, afirmou Paulo Bergerot, oncologista do grupo Oncoclínicas&Co e coordenador do estudo.
Segundo Bergerot, o estudo reforça a recomendação da prática de atividades físicas para pacientes com câncer e destaca a importância de desenvolver programas acessíveis e personalizados, especialmente para a população idosa. “Até poucos anos atrás, havia um paradigma de que o paciente em tratamento de câncer deveria ficar descansando e resguardado. Sem dúvida, as principais mensagens dos estudos dessa natureza são as de quebrar este paradigma”, ressalta Bergerot.
Cuidados paliativos
Outro estudo brasileiro relacionado ao tratamento de pacientes com câncer foi apresentado no congresso, destacando a relação dos cuidados paliativos com a redução do número de mortes nas unidades de terapia intensiva (UTIs) em hospitais de alta complexidade em países em desenvolvimento.
Os cuidados paliativos buscam aliviar a dor e o sofrimento dos pacientes, melhorar sua qualidade de vida e auxiliar os familiares durante o tratamento e após a morte do paciente, em situações em que a doença não é mais tratável.
“Os cuidados paliativos são uma estratégia multidisciplinar de alívio do sofrimento para pacientes com uma doença ameaçadora da vida. E quando falamos de sofrimento, não é apenas físico, mas também emocional, espiritual e social, que acompanham um diagnóstico difícil tanto para o paciente quanto para a família e as pessoas envolvidas em seu cuidado”, explica Cecília Emerick Mendes, coordenadora do estudo.
A pesquisa avaliou 171 pacientes do Hospital Marcos Moraes, na zona norte do Rio de Janeiro, e constatou uma taxa de óbitos de apenas 38% entre aqueles que foram incluídos nos cuidados paliativos, considerada baixa em relação a pacientes em situações de doença irreversível, segundo Cecília.
“Oitenta por cento dos pacientes tiveram uma definição de plano de cuidado. Desses, 78% optaram pelo suporte não invasivo exclusivo. Entendendo que têm uma doença infelizmente irreversível, optaram para que, no momento de final de vida, fossem cuidados fora de unidades fechadas, na presença da família, e definiram quais eram suas prioridades e como deveríamos conduzir o seu caso”, afirmou. “A maioria de nossos pacientes foi de alta para casa, com uma orientação para a equipe de saúde de como eles queriam ser cuidados.”
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 14% dos pacientes que necessitam de cuidados paliativos no mundo recebem esse tipo de atenção.