Ministério da Saúde assegura vacinação no Rio Grande do Sul

© Paulo Pinto/Agência Brasil

 

Enchentes impulsionam reforço na distribuição de imunizantes para prevenir doenças em áreas afetadas

 

 

O Ministério da Saúde negou que haja desabastecimento de vacinas recomendadas para a população do Rio Grande do Sul, afetada por enchentes. De acordo com a pasta, todas as solicitações feitas pelo estado estão sendo atendidas pelo Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI), respeitando a capacidade de recebimento e armazenamento estadual. Cerca de 300 mil imunizantes estão disponíveis para manter o Programa Nacional de Imunização (PNI) adaptado ao momento crítico que o estado vive, oferecendo doses contra gripe, covid-19 e tétano, informou o secretário de Saúde.

Reforço na distribuição

Segundo o secretário, Proenço, que tem feito visitas frequentes ao Rio Grande do Sul, os pedidos de imunizantes já estavam sendo atendidos, mas diante das emergências, houve um reforço no envio de vacinas, principalmente as destinadas à prevenção da gripe, covid-19 e tétano. Ele explicou que, em situações de aglomeração, como nos abrigos, o aumento de doenças respiratórias é esperado, e com o retorno das pessoas às suas casas, há maior risco de ferimentos que podem levar ao tétano. O Ministério da Saúde está realizando avaliações diárias para verificar novas necessidades de imunização.

“Dentro do que foi demandado e das equipes volantes da Força Nacional do SUS que têm acompanhado as ações nos abrigos, estamos em contato constante com a Secretaria de Estado de Saúde e secretarias municipais. No que foi demandado, entendemos que é suficiente”, afirmou Proenço.

Dados de imunização

Até 24 de maio, foram encaminhados ao Rio Grande do Sul 955,4 mil imunizantes: 190,4 mil para covid-19, 200 mil para difteria e tétano (dT), 50 mil pentavalentes, 65 mil de DTP (difteria, tétano e pertussis), 10 mil vacinas adsorvidas para difteria, tétano e pertussis (acelular) (dTpa), 22 mil para hepatite A, 5 mil contra raiva canina, 18 mil vacinas contra raiva em células vero e 400 mil para influenza, informou o Ministério da Saúde.

Prioridades de vacinação

Eliese Denardi Cesar, chefe da Seção de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde do Rio Grande do Sul, afirmou que o estado tem priorizado as vacinas contra covid-19, influenza, tétano, hepatite A e raiva, conforme orientação conjunta com o Ministério da Saúde. Ela ressaltou a importância dessas vacinas no contexto das inundações.

Perspectivas de especialistas

Cristóvão Barcelos, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz, destacou que, embora o ideal seja a imunização prévia às tragédias, ainda há tempo de vacinar para prevenir doenças. Ele alertou que a inundação prolongada aumenta os riscos de infecções. Barcelos ressaltou a necessidade de priorizar grupos vulneráveis, já que não há vacinas suficientes para todos os afetados.

Logística e atendimento

Segundo Barcelos, uma boa estratégia de logística é realizar atendimento nos próprios locais que abrigam famílias desalojadas, que já funcionam como unidades de saúde improvisadas. Ele explicou que cerca de 3 mil estabelecimentos de saúde foram afetados pelas cheias, o que inclui farmácias, hospitais e postos de saúde.

Vacinação extramuros

A Secretaria Estadual de Saúde informou que, aproveitando a estrutura dos abrigos, já foram aplicadas mais de 21 mil doses de vacinas contra a influenza. A vacinação também está disponível nas unidades de saúde para a população acima de seis meses de idade e em pontos onde ocorrem resgates.

Vacinação infantil e para idosos

Barcelos destacou a importância de manter as cadernetas de vacinação das crianças atualizadas e lembrou que a vacina da gripe é crucial para idosos. Ele também mencionou a necessidade de reforçar a vacinação contra a covid-19, especialmente em áreas de aglomeração.

Distribuição de vacinas

Na segunda-feira (27), o estado recebeu 56 mil doses da vacina contra covid-19 do laboratório Moderna, cepa XBB. Eliese Denardi Cesar informou que a distribuição para os municípios está em andamento, visando imunizar grupos prioritários, incluindo pessoas em abrigos e socorristas.

A Secretaria de Saúde também está vacinando socorristas e trabalhadores em abrigos de animais contra a raiva, para prevenir acidentes com mordeduras. Além disso, está sendo reforçada a vacinação contra o tétano, especialmente para aqueles que tiveram contato com a água das enchentes contaminada.

Barcelos alertou para o risco de aparecimento de animais peçonhentos em áreas alagadas. Ele destacou que, embora não haja vacinas para esses casos, é necessário tratamento adequado e prevenção.