Dia Mundial sem Tabaco: Fundação do Câncer Lança Campanha Contra o Uso de Cigarros Eletrônicos

Foto de Nery Zarate na Unsplash

 

#movimentovapeOFF alerta para os riscos dos vapes e busca proteger jovens da interferência da indústria do tabaco

 

 

Nesta sexta-feira (31), Dia Mundial sem Tabaco, a Fundação do Câncer lançou o #movimentovapeOFF, uma campanha que visa conscientizar a população sobre os perigos do uso crescente de dispositivos eletrônicos para fumar, conhecidos como cigarros eletrônicos ou vapes. Dados da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) revelam que o consumo de vapores aumentou 600% nas Américas nos últimos seis anos.

O movimento faz parte da campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS) intitulada “Proteger as crianças da interferência da indústria do tabaco”. O objetivo é evitar a formação de novos consumidores e garantir que os governos cumpram as diretrizes da Convenção Quadro para Controle do Tabaco (CQCT), que proíbe a propaganda, a promoção e o patrocínio do tabaco.

Pressão e Prevenção

Segundo Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer, as empresas de tabaco gastam mais de US$ 8 bilhões por ano em marketing, focando principalmente na população jovem para estimular o consumo de cigarros eletrônicos. Maltoni destacou que, apesar da proibição de entrada de cigarros eletrônicos no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), há uma enorme pressão das indústrias do tabaco para formar novos consumidores, o que representa um risco significativo para a população jovem.

Para celebrar o Dia Mundial sem Tabaco, a fundação lançou o #movimentovapeOFF com o objetivo de informar os jovens sobre os malefícios dos vapes. “A ideia do movimento é mobilizar a sociedade, entidades públicas e privadas para, juntas, oferecerem um futuro saudável para nossos jovens”, afirmou Maltoni.

Maltoni também desmistificou a ideia de que os cigarros eletrônicos ajudam a parar de fumar. “Isso não acontece. Eles acabam sendo uma porta de entrada para o vício. Quem começa a fumar cigarro eletrônico tem o dobro de chances de migrar para o cigarro convencional”, alertou. Ele enfatizou que não há publicações científicas que comprovem a eficácia dos vapes como instrumento para parar de fumar. Pelo contrário, os dispositivos contêm substâncias tóxicas e cancerígenas, além de altos níveis de nicotina, que levam à dependência.

Desafio para os Jovens

Pesquisa do Ministério da Saúde indica que, mesmo proibido no país, o cigarro eletrônico já foi experimentado por cerca de 1 milhão de brasileiros, dos quais 70% são jovens entre 15 e 24 anos. O epidemiologista Alfredo Scaff, consultor médico da Fundação do Câncer, afirmou que crianças e adolescentes que usam vapes têm duas vezes mais probabilidade de fumar cigarros tradicionais na vida adulta.

A Fundação do Câncer está firmando uma parceria com o braço social da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) para lançar um desafio universitário. Este projeto convocará alunos de universidades públicas e privadas, além de professores, para desenvolver iniciativas que sensibilizem os jovens sobre os perigos dos cigarros eletrônicos. O desafio será lançado no próximo ano, com o edital previsto para ser divulgado ainda este ano. Scaff ressaltou a importância de utilizar a linguagem dos jovens para sensibilizá-los e combater o uso de vapes.

Impacto Global

A OMS informa que existem 1,3 bilhão de usuários de tabaco em todo o mundo, e o tabaco é responsável por cerca de 8 milhões de mortes anuais, dos quais 1 milhão ocorrem nas Américas. A expectativa de vida dos fumantes é, pelo menos, 10 anos mais curta do que a dos não fumantes.

Com o #movimentovapeOFF, a Fundação do Câncer espera mobilizar a sociedade e proteger as novas gerações dos malefícios do tabaco, promovendo um futuro mais saudável e livre do vício.