Compressão de veias no abdômen pode levar a trombose e embolia pulmonar
A Síndrome de May-Thurner, também conhecida como Síndrome de Cockett, é uma condição pouco conhecida, mas potencialmente grave, que ocorre devido a uma variação anatômica específica, onde uma veia do abdômen comprime outra sobre a coluna, causando obstrução na veia da perna esquerda. A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBAVC) alerta para as complicações sérias que podem surgir dessa condição, como trombose venosa profunda (TVP) e embolia pulmonar.
Os sintomas mais comuns incluem edema nos membros inferiores, principalmente do lado esquerdo, vermelhidão ou manchas na pele e desenvolvimento de varizes na região. A SBAVC destaca que a TVP pode levar à formação de coágulos sanguíneos nas veias profundas das pernas, aumentando o risco de embolia pulmonar, uma condição potencialmente fatal onde um coágulo bloqueia uma artéria nos pulmões. Embora ambos os sexos possam ser afetados, a síndrome é mais prevalente em mulheres entre 20 e 50 anos devido à estrutura anatômica da pelve feminina e fatores hormonais.
Michel Nasser, cirurgião vascular e vice-diretor de Defesa Profissional da SBAVC, enfatiza a importância de cuidados médicos para evitar danos permanentes nas veias, que podem levar à Síndrome Pós-flebítica, marcada pelo aparecimento de úlceras nas pernas após anos de trombose. “É crucial investigar, pois a maioria dos casos é assintomática. Varizes mais acentuadas no membro inferior esquerdo são um indicativo. O médico deve estar atento, especialmente em mulheres jovens”, afirmou Nasser.
Varizes são uma condição prevalente, afetando entre 40% e 60% da população, e muitas vezes passam despercebidas. “Se a pessoa tem mais dor, sensibilidade, varizes e inchaço na perna esquerda, é preciso investigar com exames de ultrassonografia e, se necessário, tomografia”, alertou Nasser.
A prevenção da Síndrome de May-Thurner envolve medidas simples como exercícios regulares, manutenção de um peso saudável e evitar longos períodos sentado ou em pé. Os tratamentos disponíveis incluem o uso de anticoagulantes, angioplastia com implante de stent e cirurgias tradicionais para criar novos caminhos para o sangue.
Nasser também destacou que a cirurgia endovascular revolucionou o tratamento da síndrome, sendo minimamente invasiva e proporcionando uma recuperação rápida. “A alta do paciente geralmente ocorre no dia seguinte ao procedimento, proporcionando uma boa qualidade de vida no pós-operatório”, concluiu.
A conscientização e o diagnóstico precoce são fundamentais para evitar complicações graves e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com Síndrome de May-Thurner.
