Diferença entre rendimentos dos mais ricos e dos mais pobres diminuiu consideravelmente, apontam dados do IBGE
Um estudo especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (19), revelou que a desigualdade de renda no Brasil atingiu o menor nível já registrado em 2023. A diferença entre os 10% da população com maiores rendimentos domiciliares per capita e os 40% com menores rendimentos foi de 14,4 vezes, a menor já registrada.
Segundo os dados, os 10% com maior rendimento domiciliar per capita tiveram uma média de renda mensal de R$ 7.580 em 2023, enquanto os 40% mais pobres obtiveram R$ 527. Essa diferença é significativamente menor do que a registrada em anos anteriores.
Uma análise mais profunda mostra que, em 2019, a diferença era de 16,9 vezes, enquanto em 2022 foi de 14,4 vezes, mantendo-se estável em 2023. O estudo também revelou que a renda dos grupos mais pobres cresceu em proporções superiores aos do topo da pirâmide, especialmente devido a programas sociais como o Bolsa Família e o aumento do salário mínimo acima da inflação.
O pesquisador do IBGE, Gustavo Geaquinto, destacou três fatores que contribuíram para o crescimento mais intenso da renda dos grupos mais pobres. Primeiramente, o impacto dos programas sociais, como o Bolsa Família, que passou a oferecer benefícios mais substanciais em 2023, incluindo um adicional por criança e por gestante.
Além disso, a expansão do mercado de trabalho e o aumento do salário mínimo também influenciaram positivamente a renda dos grupos de menor renda. O salário mínimo teve dois reajustes em 2023, chegando a R$ 1.320 em maio.
A pesquisa também abordou a distribuição da massa de rendimentos, mostrando que os 10% dos brasileiros com menor renda representavam apenas 1,1% dessa massa, enquanto os 10% mais ricos detinham 41%. No entanto, houve um aumento na participação dos mais ricos na massa de rendimentos entre 2022 e 2023, refletindo uma pequena piora na desigualdade nesse aspecto.
O Índice de Gini, que mede a concentração de renda, ficou em 0,518 em 2023, o menor já registrado pela série histórica. Esse indicador aponta para uma redução da desigualdade, especialmente devido aos efeitos positivos dos programas sociais sobre os domicílios de menor renda, equilibrando o impacto do rendimento proveniente do trabalho.