Aumento de casos não se traduz em aumento significativo de óbitos, segundo especialista da Opas
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) ressaltou em um evento sobre arboviroses a eficácia do Brasil em controlar o número de mortes durante a atual epidemia de dengue. Embora o país tenha registrado quase o dobro de casos em 2024 em comparação com todo o ano anterior, houve uma redução proporcional nos registros de óbitos.
O especialista em arboviroses da Opas no Brasil, Carlos Melo, enfatizou a importância desse cenário: “Ter um aumento na transmissão sem um aumento significativo de óbitos é um ponto muito importante”. Arboviroses são doenças causadas por vírus transmitidos principalmente por mosquitos, como o Aedes aegypti, responsável pela dengue, zika e chikungunya.
Melo participou de um seminário sobre arboviroses organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, onde destacou a necessidade de olhar não apenas para a quantidade de casos, mas também para o número de óbitos. Ele elogiou as ações coordenadas pelo Ministério da Saúde, incluindo a vacinação focada nos grupos mais propensos a casos graves e a assistência aos pacientes.
O Brasil já registrou 3,06 milhões de casos prováveis de dengue nas 14 primeiras semanas de 2024, representando um aumento significativo em relação ao ano anterior. No entanto, o número de mortes proporcionalmente diminuiu, com uma letalidade de 0,04% em comparação com 0,07% no mesmo período de 2023.
Carlos Melo enfatizou que não há uma solução única para controlar a epidemia de dengue. Ele destacou a importância de várias frentes de atuação, como a vacinação, o uso de tecnologias científicas como os mosquitos com a bactéria Wolbachia e ações que combatam os determinantes sociais, como falta de saneamento básico e urbanização descontrolada.
A coordenadora-geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde, Livia Vinhal, concordou que é necessário trabalhar com um conjunto de estratégias para impactar na redução dos casos. Ela também mencionou a importância de uma vacina eficaz e de fácil aplicação, destacando a necessidade de ampliação na produção do imunizante Qdenga, utilizado no Brasil.
Esse cenário reforça a importância de medidas integradas e contínuas no combate à dengue, visando não apenas a redução de casos, mas também a minimização das consequências graves da doença.