
Criador do Menino Maluquinho e fundador de O Pasquim, Ziraldo foi referência na resistência cultural durante a ditadura militar
Neste sábado, o Brasil perdeu um de seus grandes ícones da literatura infantil e do humor crítico: Ziraldo Alves Pinto faleceu aos 91 anos, conforme confirmado pela família do escritor. Ziraldo foi aclamado não apenas por sua obra literária, mas também por seu engajamento político e resistência cultural durante a ditadura militar no país.
Nascido em Caratinga, Minas Gerais, em 1932, Ziraldo começou sua carreira artística aos 7 anos, quando teve seu primeiro desenho publicado em um jornal. Ao longo de sua vida, destacou-se como desenhista, escritor, apresentador e jornalista, construindo uma trajetória marcante no cenário cultural brasileiro.
Um dos pontos altos de sua carreira foi a criação do “Menino Maluquinho”, inspirado em seu filho, que se tornou um fenômeno literário e cinematográfico. Além disso, Ziraldo fundou e dirigiu o icônico jornal “O Pasquim”, conhecido por sua postura crítica e oposição ao regime militar vigente na época.
Mesmo após o fim da ditadura, Ziraldo permaneceu ativo politicamente, filiando-se ao PCB e posteriormente ao PSOL, além de apoiar candidatos do PT em eleições presidenciais. Sua influência na cultura brasileira é inegável, com obras traduzidas para diversos idiomas e adaptações para o cinema, teatro e televisão.
Em setembro de 2018, Ziraldo sofreu um AVC que o levou a interromper sua produção artística. Seu legado, no entanto, continua vivo, com seu estúdio sendo transformado no Instituto Ziraldo e uma mostra interativa sobre seus desenhos em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro.
O Brasil se despede de um verdadeiro mestre das artes, cujo trabalho deixou uma marca indelével na infância de muitas gerações e na história cultural do país.