Vacinação contra HPV no SUS passa a ser dose única, anuncia Ministério da Saúde

Foto: Breno Esaki/Agência Brasília

 

Mudança visa simplificar esquema vacinal e ampliar cobertura contra o vírus associado ao câncer de colo de útero

 

 

 

O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (2) uma importante mudança no esquema de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) no Sistema Único de Saúde (SUS): a transição para a dose única, em substituição às duas doses anteriormente aplicadas.

De acordo com Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, a nova recomendação entra em vigor imediatamente após a divulgação de uma nota técnica. “A partir da publicação, as pessoas que receberam uma dose já estão plenamente vacinadas e não precisarão receber a segunda”, ressaltou.

A vacina adotada no novo esquema continuará sendo a dose quadrivalente produzida pelo Instituto Butantan, que oferece proteção contra quatro subtipos de HPV associados ao câncer de colo de útero.

Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), considera a mudança uma estratégia acertada, alinhada com tendências internacionais. “É uma tendência. Vários países do mundo estão migrando para a dose única”, afirmou.

Segundo Levi, países como Austrália, Escócia e Dinamarca já adotaram a dose única após reduzirem significativamente a circulação do vírus e as taxas de câncer associadas ao HPV. “Esse cenário depende de cobertura vacinal e não do número de doses”, explicou, enfatizando a importância da ampla vacinação para o sucesso da estratégia.

A presidente da SBIm ressaltou que a mudança se aplica exclusivamente ao SUS, mantendo o esquema de duas doses para adolescentes de 9 a 14 anos na rede particular. Isso se deve ao fato de o vírus estar associado a diversos tipos de câncer além do câncer de colo de útero.

“O Brasil está focado na eliminação do câncer de colo de útero. Agora, quem se vacina no sistema privado busca também proteção contra outros tipos de câncer associados ao HPV, como o de orofaringe, pênis, ânus, vagina e vulva”, explicou Levi, ressaltando a importância do acordo da Organização Mundial da Saúde para eliminar o câncer de colo de útero até 2030.