Descoberta incrível: Golfinho gigante de água doce da Amazônia revela segredos evolutivos

Uma reconstrução artística retrata a yacuruna pebanista nas águas turvas da proto-Amazônia peruana Jaime Bran

 

Um achado paleontológico surpreendente está lançando luz sobre a história evolutiva dos golfinhos de água doce, com a descoberta de um golfinho gigante que habitava as águas da Amazônia há cerca de 16 milhões de anos. O fóssil desse cetáceo, que foi recentemente identificado e nomeado como Pebanista yacuruna, revela detalhes fascinantes sobre esses mamíferos aquáticos e sua adaptação a ambientes fluviais.

O golfinho gigante, que teria o dobro do tamanho dos golfinhos de água doce modernos, foi encontrado no Peru, na região próxima ao rio Napo, em Loreto. Sua descoberta é particularmente notável porque os golfinhos de água doce são extremamente raros no registro fóssil, devido à menor preservação de fósseis em ecossistemas de água doce.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo destacam que o Pebanista yacuruna pertence a um grupo diferente dos golfinhos de água doce modernos encontrados na região amazônica e no sul da Ásia. Isso sugere que diferentes linhagens de golfinhos se aventuraram em ambientes de água doce ao longo da história evolutiva, em busca de nichos ecológicos menos competitivos.

A análise do crânio do golfinho gigante revelou que seu corpo poderia medir pelo menos 3,5 metros de comprimento, tornando-o cerca de 20% a 25% maior do que os golfinhos de rio atuais. A espécie foi nomeada em referência à Formação Pebas, onde o fóssil foi encontrado, e ao termo “yacuruna”, que remete a povos aquáticos míticos na língua indígena Kichua.

Essa descoberta não apenas amplia nosso conhecimento sobre a diversidade passada dos golfinhos de água doce, mas também destaca a importância dos ecossistemas aquáticos da Amazônia para a evolução desses mamíferos marinhos. No entanto, ela também ressalta a fragilidade desses ambientes e a vulnerabilidade das espécies atuais, como os botos amazônicos, diante das mudanças ambientais e das ameaças humanas, como a poluição por mercúrio.

A história do Pebanista yacuruna nos lembra da complexidade e da beleza da evolução das espécies aquáticas, ao mesmo tempo em que nos alerta para a importância da conservação dos ecossistemas fluviais e de seus habitantes.