
Um estudo conduzido pelo pesquisador Christovam Barcellos, do Observatório de Clima e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revelou uma preocupante expansão da dengue para regiões do Sul e Centro-Oeste do Brasil, onde a doença não era tão comum.
De acordo com Barcellos, o estudo identificou uma coincidência entre os mapas de ondas de calor que incidiram sobre o Cerrado desde 2023 e as anomalias de temperatura, em comparação às áreas de maior incidência da dengue em 2023 e neste ano.
O pesquisador destacou que as regiões afetadas pela dengue eram antes áreas de baixa incidência da doença. No entanto, o aumento significativo das ondas de calor, especialmente na região central do país, tem impulsionado o processo de transmissão da dengue, tanto pela presença do mosquito transmissor quanto pelo aumento da circulação de pessoas.
A degradação ambiental, incluindo desmatamento, queimadas e conversão de florestas em pasto, no Cerrado e em outras regiões analisadas, tem contribuído para o agravamento do problema. Além disso, eventos climáticos extremos, como secas e inundações, também têm impactado a propagação da doença.
Barcellos ressaltou que o problema não é recente e que a curva de casos de dengue vem aumentando desde setembro do ano passado. Ele alertou que a capacidade de previsão existe e é fundamental para o combate efetivo ao mosquito transmissor.
Nesse sentido, o pesquisador destacou a importância de uma articulação entre o governo federal, governos estaduais e prefeituras para implementar tecnologias que auxiliem no combate ao mosquito, como o uso de drones para identificar áreas de risco e sistemas de informação eficientes para organizar o trabalho dos agentes de saúde.
O estudo, publicado no portal Scientific Reports da revista Nature, foi assinado também por outros pesquisadores e destaca a necessidade de ações rápidas e eficazes para conter a expansão da dengue em regiões antes não afetadas pela doença.