Cientistas usam esponjas para revelar aquecimento global acelerado

Foto de Patrick Perkins na Unsplash

 

Um estudo publicado na revista Nature Climate Change revelou descobertas alarmantes sobre o aquecimento global, utilizando esponjas coletadas na costa de Porto Rico para traçar 300 anos de variações na temperatura dos oceanos. Os resultados sugerem que o mundo já ultrapassou um limite crucial de aquecimento e está em rota acelerada em direção a outro.

Embora as descobertas sejam impactantes, geraram controvérsias entre os cientistas. Alguns argumentam que o estudo contém muitas incertezas e limitações, o que pode confundir a compreensão pública das mudanças climáticas.

As esclerosponjas, espécies que vivem há séculos e crescem lentamente, foram utilizadas como “cápsulas do tempo” de dados, permitindo aos cientistas vislumbrar as condições oceânicas do passado. Com base nessas amostras, a equipe internacional de pesquisadores conseguiu calcular as temperaturas oceânicas há 300 anos.

Os resultados indicam que o aquecimento global causado pela atividade humana pode ter começado mais cedo do que se pensava anteriormente. A temperatura média global já pode ter aumentado mais de 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, e os cientistas alertam que o mundo pode ultrapassar os 2 graus de aquecimento até o final da década.

Essas descobertas têm implicações significativas para os objetivos climáticos estabelecidos pelo Acordo de Paris de 2015. Sob esse acordo, os países concordaram em limitar o aquecimento global a menos de 2 graus acima dos níveis pré-industriais, com a ambição de limitá-lo a 1,5 graus.

No entanto, várias questões foram levantadas em relação ao estudo. Alguns cientistas questionam a representatividade das esponjas coletadas em Porto Rico para refletir as temperaturas globais. Outros destacam a necessidade de considerar uma ampla variedade de dados climáticos globais para uma análise precisa.

Apesar das controvérsias, os pesquisadores argumentam que as descobertas são um lembrete urgente da necessidade de ação climática. Independentemente das medições de base utilizadas, os impactos das mudanças climáticas continuarão a piorar com cada fração de grau de aquecimento.

Como disse Amos Winter, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, “Esperamos que isto ajude a mudar os nossos pontos de vista sobre o que está a acontecer no mundo, faça-nos agir agora e não esperar que algum desastre aconteça para mudarmos os nossos hábitos.”