Estudo do Ibre/FGV revela crescimento da desigualdade com concentração de renda nos mais ricos

 

Pesquisa alerta para aumento significativo na fatia de renda dos 1% mais ricos no Brasil, evidenciando desigualdades agravadas nos últimos anos

 

 

Rio de Janeiro, 16 de Janeiro de 2024 – Uma pesquisa publicada pelo Observatório de Polícia Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) revela que a concentração de renda no Brasil atingiu novos patamares, destacando um significativo aumento na fatia destinada aos mais ricos. O estudo, elaborado pelo economista colaborador Sérgio Wulff Gobetti, que não faz parte do quadro do Ibre/FGV, analisou dados do imposto de renda e apontou para um cenário preocupante de desigualdade.

Entre as descobertas mais alarmantes, o crescimento da renda dos mais ricos ocorreu a um ritmo duas a três vezes superior à média registrada pelos 95% restantes da população brasileira. O estudo indica que esse fenômeno elevou o nível de concentração de renda no topo da pirâmide social para um novo recorde histórico, após uma década de relativa estabilidade na desigualdade.

A pesquisa divide os estratos em diversas categorias, desde o 0,1% mais rico até os 95% restantes da população adulta. Destaca-se que, além dos mais ricos apresentarem um crescimento médio de renda superior à base da pirâmide, essa performance é ainda mais acentuada quanto maior é o nível de riqueza.

Enquanto a maioria da população adulta registrou um crescimento nominal médio de 33% em sua renda durante os últimos cinco anos, marcados pela pandemia, os mais ricos apresentaram variações de 51%, 67% e 87% nos estratos mais elevados. Entre os 15 mil milionários que compõem o 0,01% mais rico, o crescimento foi ainda mais expressivo, atingindo 96%.

Como resultado desse cenário, a proporção da renda apropriada pelos 1% mais ricos da sociedade brasileira cresceu de 20,4% para 23,7% entre 2017 e 2022. Mais de quatro quintos dessa concentração adicional de renda foram absorvidos pelo 0,1% mais rico, composto por 153 mil adultos com renda média mensal de R$ 441 mil em 2022.

Os resultados da análise, baseada nos dados do imposto de renda, alertam para o processo de reconcentração de renda no Brasil, destacando os rendimentos isentos ou subtributados como fontes significativas de remuneração para os super ricos. O estudo conclui ressaltando a necessidade de revisão das isenções tributárias que beneficiam principalmente os mais ricos, sinalizando para uma urgência na abordagem dessas questões para mitigar o aumento da desigualdade no país.