Estudo associa uso Off Label de hidroxicloroquina a 17 mil mortes em durante pandemia

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

Pesquisadores da França e do Canadá divulgaram um estudo que sugere que o uso off label da hidroxicloroquina para tratar pacientes hospitalizados com covid-19 na primeira onda da pandemia pode estar relacionado a cerca de 17 mil mortes em seis países. A maior parte das mortes estimadas, cerca de 7,5 mil, ocorreu nos Estados Unidos.

Publicado no periódico científico Biomedicine & Pharmacotherapy, o estudo também aponta que o uso do medicamento pode estar associado a um aumento de 11% na taxa de mortalidade de pacientes hospitalizados. Os pesquisadores alertam sobre as limitações do estudo, reconhecendo que as estimativas podem estar sub ou superestimadas.

O estudo destaca o perigo de mudar a recomendação de um medicamento com base em evidências fracas, ressaltando a importância de produzir evidências de alto nível em testes clínicos randomizados para doenças emergentes. Originalmente indicada para tratar malária, lúpus e artrite, a hidroxicloroquina teve seu uso defendido por autoridades políticas, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, durante a pandemia, apesar de evidências científicas de sua ineficácia e riscos.

No início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde suspendeu os testes com a hidroxicloroquina para tratamento da covid-19, reconhecendo sua ineficácia e visando a segurança dos pacientes. O estudo reforça que o uso prolongado do medicamento pode aumentar o risco de problemas cardiovasculares, citando também pesquisas brasileiras que relacionam a hidroxicloroquina a efeitos colaterais no coração e no fígado.