Comportamento dos preços e política monetária contribuem para inflação controlada em 2023

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O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), apresentou deflação no ano, registrando uma queda média de 3,18%. Esse resultado marca uma reversão de tendência, considerando que o índice fechou 2020 em 23,14% e 2021 em 17,78%, indicando uma desaceleração em 2022 com 5,45%.

De acordo com Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec, o acerto na política macroeconômica do governo e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) foi fundamental para esses resultados. A taxa básica de juros, Selic, manteve-se em patamares elevados ao longo do ano, iniciando em 13,75% e encerrando em 11,75%, como estratégia para conter a economia e combater a inflação.

Braga destaca que, apesar das pressões de aumento, especialmente nos preços dos aluguéis, houve uma queda generalizada nos preços dos alimentos, contribuindo positivamente para a estabilidade dos índices. Ele prevê a continuidade dessa tendência para 2024, embora alerte para riscos externos, como os conflitos na Rússia e no Oriente Médio, que podem impactar os preços do petróleo e do comércio internacional.

O pesquisador André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, destaca o papel das commodities agrícolas e minerais na formação da inflação em 2023. Quedas significativas nos preços ao produtor de produtos como soja, milho e trigo contribuíram para a deflação, representando uma “devolução” do choque inflacionário causado pela pandemia entre 2020 e 2022.

Apesar do IGP-M ter registrado a menor deflação já registrada para um ano fechado (-3,18%), Braz observa uma tendência de aceleração, indicando a possibilidade de migrar para terreno positivo. Ele destaca que, em dezembro, o índice mensal ficou em 0,74%.

Quanto ao IPCA, Braz aponta que o resultado de dezembro (0,40%) ficou acima do esperado, influenciado por reajustes de preços controlados, como água, esgoto, energia e transporte público. Ele destaca a surpresa nos preços de alguns alimentos sazonais.

Mesmo com os desafios, os especialistas projetam uma inflação controlada para 2024. Gilberto Braga e André Braz compartilham uma visão otimista, apesar de mencionarem possíveis riscos externos, como conflitos geopolíticos e eventos climáticos, como o El Niño. Braz enfatiza a importância da política fiscal do governo na trajetória da inflação e prevê a continuidade da redução da taxa básica de juros, Selic, para cerca de 9% ao final de 2024.