Perda de sono, seja total, parcial ou fragmentada, resulta em mudanças emocionais significativas, revela pesquisa
Dormir inadequadamente ou sofrer de privação de sono pode ter sérios impactos no humor e na saúde mental, conforme aponta um novo estudo nos Estados Unidos, que analisa 50 anos de pesquisa sobre o tema.
A co-autora do estudo, Cara Palmer, professora assistente e diretora do Laboratório de Sono e Desenvolvimento da Universidade Estadual de Montana, destaca: “Descobrimos que todas as formas de perda de sono – privação total de sono, perda parcial de sono e fragmentação do sono – resultaram em mudanças emocionais. O efeito mais forte e consistente foi que a perda de sono reduziu o humor positivo e aumentou a sensação de ansiedade”.
Apesar dos riscos conhecidos, mais de 30% dos adultos possuem um débito diário de sono, dormindo menos do que o corpo necessita, de acordo com um estudo de 2022. Quase 1 em cada 10 adultos perde duas ou mais horas de sono todas as noites.
O estudo, publicado no jornal Psychological Bulletin da Associação Americana de Psicologia, analisou dados de 154 estudos envolvendo mais de 5.000 pessoas ao longo de cinco décadas. Os participantes tiveram seus padrões de sono perturbados, sendo submetidos a privação total de sono, perda parcial de sono ou fragmentação do sono, e depois testados quanto à ansiedade, depressão, humor e resposta a estímulos emocionais.
“Geralmente, a privação total de sono teve um impacto maior no humor e nas emoções em comparação com a perda parcial de sono ou o sono fragmentado”, observa Palmer. O estudo destaca a forte conexão entre saúde mental e sono.
Além do impacto no humor, a perda de sono agravou sintomas de ansiedade e depressão, mesmo em pessoas sem problemas psiquiátricos conhecidos. A falta de sono pode ser um indicador precoce de transtornos mentais emergentes, e a insônia crônica aumenta o risco de desenvolver transtornos de humor.
As causas dos efeitos observados estão relacionadas ao impacto da perda de sono nos circuitos neurais associados à experiência de recompensas e emoções positivas, bem como nas áreas do cérebro envolvidas nas experiências emocionais. A qualidade do sono, especialmente o sono profundo, é crucial para a saúde mental.
Mais pesquisas são necessárias para entender o impacto da falta de sono em diferentes grupos, mas os especialistas destacam a importância de priorizar o sono como parte essencial do autocuidado, juntamente com uma abordagem sistêmica que apoie horários de trabalho e escolares adequados, padrões de turnos e acesso a cuidados de saúde que promovam a qualidade do sono.
