Pela primeira vez desde o censo de 1872, a população parda no Brasil ultrapassou numericamente a população branca, de acordo com os dados mais recentes do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com 92,1 milhões de pessoas se autodeclarando como pardas em comparação com 88,3 milhões de pessoas brancas, a demografia do país mostra uma transformação significativa nas últimas décadas.
Entre os recenseamentos de 2010 e 2022, a população branca diminuiu de 47,7% para 43,5%, enquanto os pardos aumentaram de 43,1% para 45,3%. A população preta também apresentou um aumento significativo, saltando de 7,6% para 10,2%, representando 20,7 milhões de pessoas em 2022. A raça indígena também viu um aumento em sua participação, indo de 0,4% para 0,6%, totalizando 1,7 milhão de habitantes.
O conceito de raça no censo é baseado na autodeclaração, uma percepção que a pessoa tem de si mesma, levando em conta aspectos como cor da pele e questões socioeconômicas. O IBGE destaca que a raça é uma categoria socialmente construída, não um conceito biológico.
A trajetória histórica revela que, inicialmente, em 1872, a população parda era ligeiramente superior à branca. Nas décadas seguintes, a população branca tornou-se majoritária, atingindo o pico de 63,5% em 1940. No entanto, desde 2022, os pardos tornaram-se majoritários, apesar de um declínio temporário entre 1991 e 2000.
Ao analisar o período de 2010 a 2022, a população preta apresentou um crescimento proporcional de 42,3%, seguida pelos pardos com 11,9%. A população indígena teve o maior crescimento percentual, atingindo 89%, com destaque para a região da Amazônia Legal, onde o crescimento foi de 100%.
A distribuição racial varia por regiões, com o Sul e Sudeste ainda apresentando maioria branca, enquanto o Norte, Nordeste e Centro-Oeste têm uma maioria parda. Os dados também incluem recortes por estados e municípios, destacando a diversidade étnico-racial em todo o país.
Além disso, o Censo 2022 analisa a relação entre cor e idade, revelando mudanças nas faixas etárias e nas proporções de gênero em diferentes grupos raciais. Esses dados fornecem uma visão abrangente das dinâmicas demográficas em curso no Brasil.
