Presidente do Banco Central esclarece projeção de queda de juros

© Fabio Rodrigues-Pozzebom

 

Roberto Campos Neto destaca que guidance se limita a janeiro e março de 2024, sem compromissos para cortes subsequentes

 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, esclareceu nesta quinta-feira (21) que a projeção do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir os juros em 0,5 ponto percentual serve apenas para as próximas duas reuniões do colegiado, não indicando compromissos para cortes posteriores.

Atualmente, a taxa Selic está em 11,75% ao ano, após quatro reduções consecutivas de 0,5 ponto percentual. As próximas duas reuniões do Copom estão programadas para janeiro e março de 2024, e a seguinte ocorrerá em maio. Campos Neto enfatizou que o Copom optou por manter um guidance curto em suas comunicações, abrangendo apenas as próximas duas reuniões.

“É um horizonte compatível com as nossas incertezas e a nossa visibilidade como política monetária. A gente acha que essa é a forma de conduzir a política [monetária] com o mínimo de custo, o mínimo de ruído possível”, explicou Campos Neto em resposta aos questionamentos.

Apesar da indicação de cortes nas próximas duas reuniões, o presidente do Banco Central ressaltou que “a gente não garante nada”, e a situação pode ser reavaliada a cada encontro do Copom.

Sobre a possível relação entre uma flexibilização da meta fiscal do governo e o ritmo de queda de juros, Campos Neto reconheceu a existência dessa conexão, mas destacou que não é mecânica. Ele enfatizou que outros fatores, como a aprovação de reformas, podem compensar aumentos nos gastos estatais.

Ao comentar a aprovação da reforma tributária, Campos Neto parabenizou o governo e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacando que a agenda reformista “compensou” a pressão por mais gastos, mantendo as expectativas para a inflação estáveis.

No Relatório Trimestral de Inflação divulgado pelo BC, a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano foi ligeiramente elevada, passando de 2,9% para 3%. Além disso, a probabilidade de a inflação de 2023 ultrapassar a meta (4,75%) neste ano caiu de 67% para 17%.