Desaparecimento da megafauna influenciou tamanho de sementes e seleção de predadores
Um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou que a extinção global de mamíferos gigantes, ocorrida de 50 a 10 mil anos atrás, teve repercussões significativas na interação entre espécies e deixou marcas no processo evolutivo.
Os mega-animais, como mamutes e preguiças-gigantes, desempenhavam papéis cruciais na dispersão de sementes e no equilíbrio da cadeia alimentar como grandes herbívoros. A pesquisa, publicada na terça-feira (12) na revista científica “Annual Review of Earth and Planetary Sciences”, destacou as mudanças que ocorreram após o desaparecimento desses animais.
Com a megafauna ausente, sementes de plantas e animais carnívoros começaram a diminuir de tamanho para se adaptar a um ambiente sem a presença desses grandes animais. As sementes, que antes eram dispersas para longas distâncias pela megafauna, perderam a capacidade de germinação, afetando seu sucesso reprodutivo.
“A partir do momento em que a megafauna sumiu, as sementes grandes não tinham mais capacidade de serem dispersas para longe da planta, o que diminuiu suas chances de germinação”, explica Mathias Mistretta Pires, autor do estudo.
Além disso, muitas plantas que eram originalmente consumidas por enormes herbívoros passaram a ser controladas principalmente pelo fogo, já que a megafauna não estava mais presente para desempenhar esse papel.
O desaparecimento de grandes predadores carnívoros, como felinos com dentes de sabre e leões-das-cavernas, também foi observado. Sem presas gigantes, esses predadores entraram em extinção, abrindo espaço para a sobrevivência de predadores com presas menores, como a onça-pintada e onça-parda.
O estudo ressalta como a extinção em larga escala de mamíferos gigantes teve um impacto profundo na ecologia global, moldando a evolução de plantas e predadores e influenciando as interações entre as diferentes espécies.
