Fiocruz e MNU lançam cartilha “Saúde na Favela numa Perspectiva Antirracista”

© Arte: Fiocruz

 

Campanha de Promoção de Saúde nas Favelas do Rio de Janeiro é iniciada com o objetivo de combater o racismo

 

 

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Movimento Negro Unificado (MNU) lançaram, nesta quarta-feira (13), a cartilha “Saúde na Favela numa Perspectiva Antirracista”. O lançamento ocorreu durante um seminário no Rio de Janeiro, no auditório do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), marcando o início da campanha de Promoção de Saúde nas Favelas e periferias do Rio de Janeiro pela Perspectiva Antirracista.

A cartilha é produto da Coordenação de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz (CCSP) e tem como objetivo impulsionar uma campanha de enfrentamento ao racismo nas favelas e nos equipamentos de saúde que operam dentro dessas comunidades, como clínicas de família, unidades de pronto atendimento (UPAs) e centros de atenção psicossocial (CAPs). O tecnologista em saúde pública da Fiocruz, Leonardo Bueno, destacou que a iniciativa visa envolver profissionais de saúde, organizações locais e ativistas interessados no enfrentamento ao racismo em favelas.

A campanha tem início em quatro favelas do Rio de Janeiro: Vila Cruzeiro, Jacarezinho, Vila Kennedy e Mangueirinha. Bueno afirmou que a intenção é estender a distribuição da cartilha para outras comunidades, como Manguinhos e Maré, que já demonstraram interesse. A cartilha, disponível nos formatos online e impresso, aborda temas como garantia de direitos, participação social, racismo, violência armada, crimes raciais, saúde e violência obstétrica.

O seminário de lançamento contou com a exibição de trechos do documentário “Saúde antirracista na favela, é possível?”, produzido pela Fiocruz em parceria com nove organizações da sociedade civil. O filme debate os processos de formação e construção de redes nos territórios das quatro favelas inicialmente abordadas pela cartilha. O documentário será utilizado na campanha para ampliar a discussão sobre o tema.

Durante o ano de 2023, o projeto promoveu dez ciclos formativos, realizados com a contribuição de uma equipe multidisciplinar, que trabalhou o tema do antirracismo a partir da base conceitual da promoção da saúde e da participação nas diversas instâncias do Sistema Único de Saúde (SUS). As oficinas foram realizadas nos territórios de Vila Cruzeiro, Jacarezinho, Vila Kennedy e Mangueirinha.

O projeto “Saúde na favela pela perspectiva antirracista” busca a formação e promoção da saúde com acolhimento, escuta ativa e enfoque antirracista, voltado para moradores de favelas do Rio de Janeiro que tenham passado por violações de direitos humanos. Além disso, visa analisar as demandas locais frente à disponibilidade de serviços psicossociais para moradores dessas favelas na perspectiva antirracista do compartilhamento de saberes ancestrais.

A campanha conta com o apoio de diversas instituições, incluindo a Biblioteca Parque de Manguinhos, o Centro de Referência para a Saúde da Mulher (Cresam), a Associação Brasileira Terra dos Homens, o Projeto Cultural Arte Transformadora, a Igreja Batista Central do Centenário e o Centro Comunitário Irmãos Kennedy.