Estudo Revela Associação Entre Alimentos Ultraprocessados e Maior Risco de Câncer no Trato Digestivo Superior

Foto de Nathália Rosa na Unsplash

 

Pesquisa com mais de 450 mil adultos na Europa identifica vínculo entre o consumo de produtos ultraprocessados e o desenvolvimento de cânceres na cabeça, pescoço e esôfago

 

 

Um novo estudo, publicado na revista European Journal of Nutrition na última terça-feira (21), aponta que o consumo de alimentos ultraprocessados está associado a um aumento no risco de desenvolvimento de câncer no trato digestivo superior, incluindo câncer de boca, garganta e esôfago. A pesquisa, realizada com dados de 450.111 adultos participantes da Investigação Prospectiva Europeia sobre o Câncer e a Nutrição (EPIC), destaca a preocupação com os impactos negativos desses produtos na saúde.

O EPIC, um dos maiores estudos desse tipo na Europa, recrutou participantes de 10 países europeus e no Reino Unido. Os resultados indicam que indivíduos que consumiram 10% a mais de alimentos ultraprocessados do que outros participantes apresentaram um risco 23% maior de câncer de cabeça e pescoço, além de um aumento de 24% no risco de adenocarcinoma de esôfago, um tipo de câncer nas glândulas internas dos órgãos.

A Dra. Helen Croker, diretora assistente de pesquisa e política do Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer Internacional, que financiou o estudo, destaca que essa pesquisa se soma a outras evidências que indicam uma conexão entre alimentos ultraprocessados e o risco de câncer. No entanto, ressalta que são necessárias mais pesquisas e coleta de dados para compreender totalmente a relação encontrada no novo relatório.

O estudo utilizou dados dietéticos coletados na década de 1990, quando o consumo de alimentos ultraprocessados ainda era relativamente baixo. A Dra. Ingre Huybrechts, coautora do estudo, enfatiza que, mesmo considerando essa limitação temporal, as associações encontradas podem ser mais fortes em avaliações recentes do consumo desse tipo de alimento.

Alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, salgadinhos, sopas embaladas e sorvetes, são caracterizados por conter ingredientes raramente utilizados em cozinhas convencionais, incluindo aditivos químicos para realçar o sabor e tornar os produtos mais atraentes. A pesquisa aponta para a necessidade de compreender melhor os mecanismos pelos quais esses alimentos contribuem para o risco de câncer, considerando fatores como inflamação, microbioma e efeitos epigenéticos adversos.

O estudo também identificou uma relação entre alimentos ultraprocessados e mortes acidentais, usando esses eventos como controle na pesquisa. O aumento no risco de mortes acidentais entre os consumidores desses alimentos sugere uma possível associação com circunstâncias adversas em geral, como pobreza, discriminação e degradação ambiental.

Os resultados dessa pesquisa reforçam estudos anteriores que já haviam encontrado uma conexão entre alimentos ultraprocessados e diferentes problemas de saúde, incluindo câncer colorretal, doenças cardíacas, depressão e demência. A conscientização sobre os riscos associados a esses produtos destaca a importância de escolhas alimentares saudáveis para a prevenção de doenças crônicas.