Pesquisa com o Telescópio Espacial James Webb aponta que galáxias formadas 2 a 3 bilhões de anos após o Big Bang apresentam temperaturas superiores a 13.350ºC, indicando períodos de crescimento e transformações cruciais em sua evolução. Descoberta pode trazer insights sobre a origem do universo e a formação de galáxias
Uma recente pesquisa, realizada com o auxílio do Telescópio Espacial James Webb (JWST) e divulgada na segunda-feira (20), trouxe descobertas surpreendentes sobre galáxias adolescentes formadas entre 2 e 3 bilhões de anos após o Big Bang. Os dados coletados revelam que essas galáxias apresentam temperaturas excepcionalmente elevadas, ultrapassando 13.350ºC, um fenômeno comparado ao comportamento peculiar dos adolescentes humanos.
O estudo, liderado por uma equipe de astrofísicos da Northwestern University, dos Estados Unidos, sugere que essas galáxias atravessam surtos de crescimento e transformações fundamentais que moldam o restante de sua existência. A observação detalhada dessas galáxias pode fornecer insights cruciais sobre a origem do universo e ajudar a entender as razões pelas quais galáxias, como a Via Láctea, assumem suas características específicas.
“Usando o JWST, nosso programa visa galáxias adolescentes quando elas estavam passando por um período complicado de surtos de crescimento e mudanças. Os adolescentes muitas vezes têm experiências que determinam suas trajetórias até a idade adulta. Para galáxias, é a mesma coisa”, explicou Allison Strom, pesquisadora do departamento de Física e Astronomia da Northwestern University.
Strom enfatizou que a observação de temperaturas mais elevadas nessas galáxias adolescentes é uma evidência adicional das diferenças significativas que esses corpos celestes apresentavam em suas fases iniciais. Durante o último verão do hemisfério norte, a equipe de pesquisa usou o JWST para observar minuciosamente 33 galáxias adolescentes durante 30 horas consecutivas. Ao combinar os espectros de 23 delas, os cientistas conseguiram identificar padrões reveladores.
O estudo analisou oito elementos diferentes nas galáxias observadas, incluindo hidrogênio, hélio, nitrogênio, oxigênio, silício, enxofre, argônio e, surpreendentemente, níquel. A presença deste último elemento, que é raro e difícil de ser detectado, intrigou os pesquisadores.
“Nunca, em meus sonhos mais loucos, imaginei que veríamos níquel. Mesmo em galáxias próximas, as pessoas não observam isso. Deve haver um elemento suficiente presente em uma galáxia e as condições certas para observá-lo. Ninguém nunca fala sobre observar o níquel. Os elementos precisam brilhar em gás para que possamos vê-los. Portanto, para que possamos ver o níquel, pode haver algo único nas estrelas das galáxias”, comentou Strom.