Relatório da ONU alerta que metas do Acordo de Paris estão cada vez mais distantes

Foto de Chris LeBoutillier na Unsplash

 

Emissões globais batem recorde, indicando a dificuldade em alcançar a meta de 1,5ºC estipulada no Acordo de Paris. Organização pede mitigação implacável e transformação de baixo carbono

 

 

O Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgado nesta segunda-feira (20), revela que as altas temperaturas no planeta podem aumentar em quase 3 graus Celsius (ºC) em relação ao período pré-industrial. As metas do Acordo de Paris, que visam limitar o aquecimento global a 1,5ºC, tornam-se cada vez mais desafiadoras de serem alcançadas.

Para atingir o limite de 1,5ºC, seria necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 42% até 2030. Entretanto, as emissões globais aumentaram 1,2% de 2021 a 2022, alcançando um recorde de 57,4 gigatoneladas de Dióxido de Carbono.

O relatório destaca que, até outubro de 2023, foram registrados 86 dias com temperaturas 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. O mês de setembro foi o mais quente já registrado, com temperaturas médias globais 1,8°C acima dos níveis pré-industriais.

Diante desse cenário, a ONU enfatiza a necessidade de uma “mitigação implacável e transformação de baixo carbono” para reduzir a lacuna de emissões. A próxima Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP28), em Dubai, é vista como uma oportunidade para elevar a ambição das ações climáticas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, destaca que governos estão aumentando a produção de combustíveis fósseis, enfatizando a urgência de combater a dependência desses combustíveis. Ele instiga a COP28 a enviar um sinal claro sobre o fim da era dos combustíveis fósseis.

O relatório também enfatiza a necessidade de eliminar quase totalmente a produção e uso de carvão até 2040 e uma redução de pelo menos três quartos na produção e uso de petróleo e gás até 2050 em relação aos níveis de 2020.

Diante da lacuna de emissões, a ONU destaca a importância da transparência dos governos em relação aos planos e projeções relacionados à produção de combustíveis fósseis, além da necessidade de compromissos financeiros para a transição em países com capacidades limitadas. O relatório alerta que os custos de adaptação nos países em desenvolvimento são 50% maiores do que estimativas anteriores, sendo necessários US$ 387 bilhões por ano para implementar as prioridades de adaptação domésticas.