Seminário destaca a relação entre a branquitude e a emergência climática

© Tomaz Silva/Agência Brasil

 

 

O Observatório da Branquitude organizou um seminário no Rio de Janeiro, realizado nesta quarta-feira (8), com o intuito de debater as ações da branquitude como responsáveis pela crise ambiental, trazendo à tona a importância da conscientização sobre os efeitos da colonização no mundo moderno.

Thales Vieira, codiretor-executivo do Observatório da Branquitude, enfatizou que o estilo de vida do sujeito moderno, influenciado pela colonização, está conduzindo o mundo para a emergência climática. Ele destaca que esse modo de vida vê o planeta e as pessoas não brancas como recursos inesgotáveis para a população branca, fruto de uma mentalidade que tem raízes na escravização e persiste de forma constante.

O encontro, realizado neste mês da Consciência Negra, reuniu ativistas que unem o movimento negro às causas ambientais, buscando explorar a interseção desses dois campos de atuação.

Thales Vieira explicou o conceito de branquitude como um lugar de poder ocupado exclusivamente pela população branca, conferindo privilégios econômicos, culturais e jurídicos sobre populações racializadas. Ele ressalta que a branquitude é um espaço estruturado de poder.

De acordo com Vieira, os efeitos das mudanças climáticas não são igualitários e afetam de maneira desproporcional as populações negras e indígenas. Ele exemplifica que, em situações como o rompimento de barragens, as áreas mais afetadas são onde habitam populações mais vulneráveis, em sua maioria, negras e indígenas.

O racismo ambiental, como aponta Aderbal Ashogun, coordenador nacional da Rede Afroambiental, revela o impacto das políticas negligentes do Estado em áreas já vulneráveis. A falta de saneamento em favelas, por exemplo, expõe essas localidades a riscos durante tempestades.

Além de identificar as injustiças e consequências para essas populações, especialistas destacam a importância de comunidades atuarem na produção de conhecimento e boas práticas ambientais. Vieira destaca o papel das populações negras na produção de soluções para a crise climática, como é visto nos quilombos, que representam espaços de preservação e simbiose entre o homem e a natureza.

Por fim, ativistas reforçam a necessidade de conscientização e reflexão sobre a relação com o consumo material, buscando a preservação ambiental e uma participação mais expressiva da população negra no debate público sobre a agenda climática e as desigualdades sociais e raciais.

 

Com informações da Agência Brasil