Descoberta de múmias de ratos a altitudes extremas desafia compreensão científica

Foto de Oxana Golubets na Unsplash

 

Estudo revela adaptação surpreendente de roedores a ambientes inóspitos nos Andes com implicações para a compreensão da vida em condições extremas

 

 

Uma equipe de cientistas da Argentina, Chile, Bolívia e Estados Unidos descobriu 13 ratos mumificados em altitudes superiores a 6 mil metros no planalto do Atacama, no Chile e na Argentina, um fato que desafia as compreensões científicas sobre a sobrevivência de mamíferos em ambientes hostis.

Esses roedores, identificados como Phyllotis vaccarum, são comumente encontrados em altitudes mais baixas nas montanhas dos Andes, inclusive em áreas próximas ao nível do mar.

A descoberta das múmias de ratos foi publicada no estudo mais recente da Current Biology, evidenciando que esta espécie é a que vive em altitudes mais elevadas no mundo.

A presença desses animais em locais tão extremos levantou questões sobre sua capacidade de adaptação a condições adversas. Esses ratos mumificados foram encontrados nos vulcões Salín, Púlar e Copiapó, locais caracterizados por temperaturas congelantes, ar rarefeito e um ambiente que, muitas vezes, se assemelha ao de Marte.

Os pesquisadores realizaram análises de datação por radiocarbono, indicando que as múmias mais antigas não tinham mais de 350 anos, sugerindo que algumas dessas mortes podem ter ocorrido recentemente. Essas descobertas descartaram a teoria anterior de que os ratos eram usados em rituais incas, já que os artefatos encontrados não datam o suficiente para coincidir com a civilização Inca.

Esse ambiente inóspito e de extrema altitude apresenta condições de sobrevivência desafiadoras para os mamíferos. No entanto, os ratos mumificados permanecem bem preservados, uma vez que, nesses locais, a presença de predadores é mínima.

Os pesquisadores, ao analisar os hábitos desses roedores, acreditam que sua dieta pode ser composta de líquenes, plantas e pequenos insetos, impulsionada pela presença desses recursos alimentares transportados pelo vento até as regiões mais elevadas.

A investigação científica atualmente busca compreender como esses ratos conseguem manter uma temperatura corporal estável em altitudes tão extremas, já que a perda de calor nessas condições poderia lelevá-los à hipotermia e à morte em questão de minutos.

Essa descoberta pode contribuir para a compreensão da evolução e das capacidades de adaptação dos animais em ambientes originalmente considerados inabitáveis, oferecendo uma visão valiosa sobre como a vida encontra caminhos para sobreviver em ambientes extremos