Celso Amorim expressa preocupação com o enfraquecimento da ONU diante de conflitos globais

© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Bra

 

Assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais destaca a gravidade das atuais guerras e a necessidade de ação da ONU

 

 

 

O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, expressou séria preocupação em relação ao papel da Organização das Nações Unidas (ONU) no contexto das atuais guerras que assolam o mundo. Amorim fez suas observações nesta terça-feira durante uma palestra no Fórum Brasil África 2023, evento organizado pelo Instituto Brasil África, em São Paulo.

Amorim, que é ex-chanceler brasileiro e conta com quase 60 anos de experiência na diplomacia, destacou a inquietação em relação à aparente inércia da ONU diante de uma conjuntura global que ele descreveu como “um momento tão grave da humanidade.”

“Como as Nações Unidas podem permanecer inertes, desarmadas, diante de uma situação tão grave como a que estamos enfrentando hoje? Posso falar com base na minha idade e experiência; raramente testemunhei uma situação tão crítica no mundo. Mesmo na famosa crise dos mísseis de Cuba, em que enfrentamos riscos significativos, não havia uma disseminação de ódio e polarização de mentes tão intensa quanto vemos hoje,” declarou Amorim.

Para o ex-chanceler, o cenário atual, com conflitos em andamento entre Israel e o Hamas, bem como entre a Ucrânia e a Rússia, denota uma situação muito mais grave do que a vivida durante a crise dos mísseis de Cuba.

“Eu acredito que estamos vivendo uma situação muito mais grave hoje, com uma multiplicidade de atores e duas guerras que, de certa forma, se entrelaçam. E ver a ONU enfraquecida é motivo de extrema preocupação,” enfatizou.

Amorim também destacou os esforços brasileiros por uma solução humanitária para o conflito entre Israel e o Hamas, descrevendo-os como “heroicos.” Ele mencionou que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está em Nova York, fazendo uma tentativa junto ao Conselho de Segurança da ONU para aprovar uma resolução que não apenas defenda os afetados na região, como o povo de Gaza e os israelenses atingidos por ataques terroristas, mas também a própria integridade das Nações Unidas.

Além disso, Amorim destacou a importância das relações do Brasil com a África no próximo ano, afirmando que a política externa brasileira dedicará uma atenção redobrada ao continente africano. Ele observou que o ano seguinte deverá ser “o ano da África na política externa brasileira,” ressaltando a necessidade de fortalecer esses laços internacionais.