Acesso à internet por crianças e adolescentes apresenta estabilidade com leve aumento em 2023

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Pesquisa TIC Kids Online Brasil aponta que 95% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos no país acessam a internet, mas desigualdades persistem

 

 

 

A pesquisa TIC Kids Online Brasil, divulgada hoje (25) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), mostrou que o número de crianças e adolescentes com acesso à internet se manteve relativamente estável, com um pequeno crescimento em 2023. Segundo o estudo, 95% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos em todo o país acessam a internet, totalizando mais de 25,1 milhões de pessoas nessa faixa etária. No entanto, a pesquisa também revela que ainda existe uma parcela desse público que nunca teve acesso à internet, o que corresponde atualmente a mais de 580 mil pessoas.

Em comparação com 2022, quando 92% da população nessa faixa etária tinha acesso à internet, houve um aumento significativo, embora modesto, no número de crianças e adolescentes conectados. Porém, ainda persiste uma desigualdade no acesso, pois mais de 475 mil dos que nunca acessaram a internet pertencem às classes D e E. Além disso, entre os que acessaram a internet antes, mas não o fizeram recentemente, 545 mil pertencem a essas classes sociais mais baixas.

O estudo, conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ligado ao CGI.br, também destacou que houve uma antecipação na idade em que as crianças têm o primeiro acesso à internet. Em 24% dos casos, esse acesso aconteceu antes dos seis anos de idade, um aumento significativo em relação a anos anteriores.

A principal forma de acesso à internet para crianças e adolescentes é o celular, mencionado por 97% dos entrevistados. Esse é também o único meio de acesso para 20% desse público. O acesso via televisão tem aumentado nos últimos anos, chegando a 70% em 2023, em comparação com 43% em 2019. O uso de computadores para acessar a web permaneceu estável, em 38%, sendo mais frequente entre as classes sociais de maior renda.

A pesquisa também abordou a percepção de adolescentes entre 11 e 17 anos sobre propagandas na internet. Cerca de 50% desses entrevistados afirmaram que pediram aos pais ou responsáveis para comprar um produto que viram na internet, e 84% relataram ter sentido vontade de adquirir produtos após vê-los online. A pesquisa destacou que, apesar de a legislação brasileira proibir a publicidade direcionada a crianças com menos de 12 anos, a maioria dos pais não utiliza filtros ou configurações especiais para restringir o contato das crianças com propagandas na internet.

Além disso, cerca de 9% dos usuários entre 9 e 17 anos afirmaram ter visto imagens ou vídeos de conteúdo sexual na internet nos últimos 12 meses, e 16% relataram ter recebido mensagens com esse tipo de conteúdo. A pesquisa ressaltou a importância do diálogo e acompanhamento dos responsáveis para garantir um uso seguro da internet por parte das crianças e adolescentes. O TIC Kids Online Brasil é uma pesquisa realizada anualmente desde 2012, exceto em 2020 devido à pandemia de covid-19.