Aumento do domínio de milícias no Rio de Janeiro traz violência e limitações à vida cotidiana

© Tomaz Silva/Agência Brasil

 

Milícias dominam metade da região metropolitana do Rio, com efeitos devastadores na vida dos moradores

 

 

 

O Rio de Janeiro está enfrentando um crescente domínio das milícias, resultando em desafios significativos na vida dos moradores da região. Na segunda-feira (24), a maior milícia do estado incendiou 35 ônibus e um trem em retaliação à morte de Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão, que tinha conexões com a milícia e foi morto pela polícia. O ataque é considerado o maior já registrado contra a frota da cidade em um único dia e foi classificado como um ato terrorista pelo governo estadual.

Atualmente, aproximadamente 20% da área da região metropolitana do Rio de Janeiro é controlada por grupos armados, e as milícias dominam metade dessas áreas. Um estudo recente, o “Mapa dos Grupos Armados,” lançado pelo Instituto Fogo Cruzado em parceria com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF), revelou um aumento de 387% nas áreas sob controle de milícias nos últimos 16 anos.

As milícias são grupos paramilitares compostos por servidores públicos da segurança e civis da área de segurança. Segundo especialistas, esses grupos se originaram a partir dos grupos de extermínio dos anos 1990, com relações complexas e até mesmo alianças com facções do tráfico. Devido às suas origens dentro do próprio estado, as milícias mantêm influência significativa nas forças de segurança e na política.

Os ataques recentes demonstram a extensão do poder das milícias, que continuam crescendo e consolidando sua capacidade de atuação, fazendo alianças e mantendo uma estrutura de poder em constante expansão.

Os territórios sob controle dessas organizações enfrentam uma crescente violência. As estatísticas do Instituto Fogo Cruzado mostram que, de 2022 a 2023, o número de mortes por tiros na zona oeste do Rio mais do que dobrou, com um aumento de 127%. Além disso, os tiroteios aumentaram em 55%. Chacinas também aumentaram, passando de quatro casos em 2022 para oito em 2023.

Um dos principais desafios para enfrentar as milícias é a sua intrincada relação com o Estado, o que dificulta o combate efetivo a esses grupos. A aparente colaboração entre agentes públicos e o crime organizado torna o enfrentamento uma tarefa complexa.

Especialistas enfatizam a necessidade de ações estruturais para lidar com o problema, indo além de ações de repressão militarizada. A mudança na estrutura de segurança pública, o diálogo com a comunidade local, políticas culturais e oportunidades de emprego para os jovens em áreas mais carentes são algumas das soluções sugeridas.

Em resumo, o aumento do poder das milícias no Rio de Janeiro está causando uma escalada de violência e afetando profundamente a vida cotidiana dos moradores, o que requer a implementação de medidas mais amplas para combater o problema.