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Transtornos alimentares: A busca incessante pela imagem perfeita e seus impactos

Foto de Elena Leya na Unsplash

 

Em uma era em que visualizações e curtidas em redes sociais ditam os padrões de popularidade, a obsessão pela imagem perfeita tornou-se um obstáculo preocupante no tratamento de doenças que já não podem ser consideradas raras, como a bulimia, a anorexia nervosa e a compulsão alimentar.

Segundo a definição da médica Claudia Cozer Kalil, coordenadora do Departamento de Transtorno Alimentar da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), “transtornos alimentares são patologias classificadas como doenças psiquiátricas nas quais a pessoa tem uma relação extremamente complicada e sofrida com a comida”.

Táki Cordás, coordenador do Programa de Transtornos Alimentares (Ambulim) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, esclarece que os três principais transtornos são a bulimia, a anorexia nervosa e a compulsão alimentar. Segundo ele, a incidência combinada desses transtornos supera a de patologias como a depressão.

Hoje em dia, a anorexia nervosa, mais prevalente em mulheres, afeta 1% da população, a bulimia, também com maior incidência no sexo feminino, atinge 2,5%. Enquanto isso, a compulsão alimentar afeta igualmente homens e mulheres, com uma taxa de 3,5% dos brasileiros.

Cordás destaca: “Fazer uma restrição alimentar rigorosa pode desencadear qualquer um desses transtornos. Na sociedade, ser magro é frequentemente associado ao sucesso e à beleza, e isso nos coloca em um ciclo de busca incessante por um ideal de beleza que, na verdade, não existe.”

A jornalista e escritora Daiana Garbin compartilha sua experiência pessoal com transtornos alimentares, revelando que os padrões de beleza impostos pela sociedade foram os catalisadores de seus problemas alimentares. Ela recorda: “Uma revista da minha adolescência dizia que o tamanho ideal para calças jeans era 34, 36, ou no máximo, 38. Minha primeira calça jeans que serviu quando eu tinha 12 anos era tamanho 42, então, naquela época, minha mente adolescente percebeu que meu corpo estava errado e que eu precisava emagrecer a qualquer custo para ser aceita.”

Daiana superou esses desafios e hoje administra um site e um canal no YouTube que oferecem apoio a pessoas que enfrentam dilemas semelhantes.

Para Sophie Deram, nutricionista e coordenadora do Projeto de Genética do Ambulim, as redes sociais amplificaram os problemas relacionados à insatisfação com a alimentação e o corpo. Ela observa: “As redes sociais são baseadas em imagens, e isso tem aumentado consideravelmente a insatisfação corporal das pessoas, não apenas mulheres. Vemos que isso pode ser um gatilho para buscar dietas e moldar o corpo de acordo com os padrões que estão sendo promovidos.”

 

 

Com informações da CNN

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