Eleições na Argentina: Economia e Incerteza Moldam Escolha dos Eleitores

Foto de Gustavo Sánchez na Unsplash

 

No próximo domingo (22), o eleitorado argentino se prepara para escolher um novo presidente em meio à maior crise cambial das últimas décadas e a uma disparada da inflação. Com mais de 35 milhões de cidadãos aptos a votar, a situação econômica se tornou um fator determinante na escolha dos eleitores, mas as raízes dos problemas remontam a pelo menos duas décadas, tornando o histórico recente uma influência significativa nas decisões do eleitorado.

A inflação na Argentina atingiu a taxa de 138,3% ao ano, de acordo com dados divulgados em 12 de outubro. Desde o início do ano, o preço dos alimentos subiu mais de 150%, enquanto o peso argentino continuou sua queda em relação ao dólar. A desvalorização do peso pressiona ainda mais a inflação e coloca muitas famílias na pobreza, afetando mais de 40% da população do país.

A situação econômica tem acentuado seu declínio nos últimos momentos da campanha eleitoral, que se encerra em 20 de outubro. No entanto, especialistas apontam que os argentinos têm vivido desafios econômicos nas últimas duas décadas, e as experiências dos últimos dez anos podem influenciar fortemente a decisão dos eleitores, especialmente os mais jovens.

Nas eleições primárias realizadas em agosto, o economista Javier Milei, autodenominado “anarcocapitalista” e representante do liberalismo extremo, obteve o maior número de votos. Seu discurso ressoa especialmente entre os jovens, que não vivenciaram as grandes crises do início dos anos 2000. Milei acusa a casta política por todos os problemas do país, e sua presença nas redes sociais atraiu os eleitores mais jovens em busca de uma alternativa.

As pesquisas de intenção de voto indicam que os outros dois principais candidatos – representantes do macrismo e do peronismo kirchnerista – também têm chances de irem a um eventual segundo turno. Sergio Massa, do partido peronista União pela Pátria, é um político experiente que assumiu a pasta da Economia há um ano e não foi amplamente identificado como responsável pela crise atual. Patricia Bullrich, da coalizão Juntos pela Mudança, é uma conservadora que apresenta uma abordagem mais rígida do liberalismo e tem raízes profundas na política argentina.

Até agora, as pesquisas não indicaram a ocorrência de um vencedor no primeiro turno, sugerindo um possível segundo turno para as eleições presidenciais argentinas.