
: Uso inadequado de antibióticos e automedicação elevam riscos de bactérias resistentes, destacando a importância das vacinas na prevenção de infecções
A automedicação e a prescrição incorreta de antibióticos são questões que têm despertado crescente preocupação nas autoridades de saúde, pois contribuem para a seleção de bactérias resistentes a esses medicamentos. Esse cenário torna tratamentos ineficazes e, muitas vezes, mais dispendiosos. Nesse contexto, as vacinas emergem como aliadas cruciais para bloquear a transmissão de bactérias, prevenir infecções e reduzir a dependência de antibióticos.
A diretoria da Sociedade Brasileira de Imunizações, Flávia Bravo, destaca o papel vital das vacinas, especialmente aquelas como a pneumocócica, que atua na prevenção contra a bactéria Streptococcus pneumoniae. “A vacinação proporciona ao corpo as ferramentas necessárias para combater a bactéria antes que ela cause danos. Caso não seja vacinado, a bactéria pode causar danos diversos, exigindo o uso de antibióticos. A utilização inadequada desses medicamentos seleciona bactérias resistentes”, explica.
O uso indevido de antibióticos e sua prescrição sem a devida necessidade, como em casos de viroses, constituem problemas recorrentes que as autoridades sanitárias e sociedades médicas alertam com frequência. O Ministério da Saúde ressalta que a automedicação com esses medicamentos, sem prescrição profissional, ou o uso de remanescentes de tratamentos anteriores, são práticas perigosas.
A preocupação com o uso inapropriado de antibióticos intensificou-se durante a pandemia de COVID-19, quando houve uma utilização excessiva desses medicamentos. Embora a COVID-19 seja causada por um vírus, o uso frequente e indiscriminado de antibióticos durante a pandemia foi observado, principalmente em quadros associados a internações.
Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelam um aumento significativo na detecção de bactérias resistentes. Em 2019, laboratórios públicos identificaram pouco mais de mil casos; em 2020, no primeiro ano da pandemia, esse número dobrou; e em 2021, mais que triplicou.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ressaltou, em nota técnica de 2021, que antibióticos não são indicados para o tratamento rotineiro da COVID-19, já que a doença é causada por um vírus, e esses medicamentos atuam apenas contra bactérias. Seu uso é recomendado somente em casos de suspeita de infecção bacteriana associada à infecção viral.
O uso adequado de vacinas e a conscientização sobre o uso responsável de antibióticos são estratégias fundamentais para conter a resistência bacteriana e garantir a eficácia dos tratamentos antimicrobianos no futuro. O cuidado com a saúde deve envolver o uso consciente de medicamentos e a adesão às práticas de prevenção, promovendo um impacto positivo na saúde coletiva.