Brasil pode aumentar em 3,6 vezes sua produção de energia com usinas eólicas offshore, aponta estudo da CNI

Foto de Jesse De Meulenaere na Unsplash

 

Um estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que o Brasil pode aumentar em 3,6 vezes sua capacidade total de produção de energia elétrica por meio de usinas eólicas offshore, que são instaladas no mar. Essa nova fronteira de geração de energia limpa tem o potencial de impulsionar a transição para um mundo com mais fontes de energia renovável.

A pesquisa intitulada “Oportunidades e Desafios para Geração Eólica Offshore no Brasil e a Produção de Hidrogênio de Baixo Carbono” foi lançada em Brasília durante o evento Diálogo Pré-COP 28: O Papel da Indústria na Agenda de Clima, que discute assuntos relacionados à Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP), programada para ocorrer em Dubai, Emirados Árabes Unidos, de 30 de novembro a 12 de dezembro.

De acordo com o estudo, em 2021, o mundo tinha uma capacidade instalada de 55,9 gigawatts (GW) de geração de energia por meio de usinas eólicas offshore, concentradas principalmente na China e na Europa. A projeção é que essa capacidade global alcance 260 GW até 2030 e 316 GW até 2040, com investimentos estimados em até US$ 1 trilhão.

No entanto, o Brasil possui um grande potencial ainda não explorado, com capacidade para chegar a 700 GW, o que representa 3,6 vezes a capacidade total de energia elétrica já instalada e conectada ao Sistema Interligado Nacional (194 GW). Vale destacar que o estudo não estipula um prazo para que o Brasil alcance essa capacidade, mas até o final de agosto de 2023, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já havia registrado 78 pedidos de licenciamento para usinas eólicas no mar, com potencial de geração de 189 GW.

A incorporação de usinas eólicas offshore na matriz energética brasileira é fundamental para que o Brasil cumpra seus compromissos ambientais, como o Acordo de Paris, que estabelece metas para a redução das emissões de gases de efeito estufa. O país se comprometeu a diminuir as emissões em 37% até 2025 e em 50% até 2030, com base nos níveis de 2005. Além disso, em 2022, o Brasil assumiu a meta de atingir emissões líquidas neutras até 2050, o que significa não contribuir para o aumento das emissões de carbono na atmosfera.

Davi Bomtempo, gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, destacou que a energia eólica offshore “vem para somar rumo a essa expansão de renováveis e com o objetivo de manter a matriz energética elétrica do Brasil cada vez mais limpa e sustentável.”

O estudo identificou que as regiões costeiras do Brasil com maior potencial para a geração de energia eólica offshore estão localizadas no Nordeste, entre os estados de Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, no Sudeste, entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, e na Lagoa dos Patos, litoral do Rio Grande do Sul.

Além de fortalecer a matriz energética do país, a exploração desse potencial excedente de energia elétrica também abre oportunidades para exportação, bem como para a expansão da economia do hidrogênio de baixo carbono, conhecido como hidrogênio verde. O hidrogênio verde, produzido a partir de fontes de energia renovável, como a eólica, pode ser utilizado em setores com alto consumo energético, incluindo petroquímica, siderurgia e fabricação de fertilizantes.

A possibilidade de exportação do hidrogênio verde, especialmente para países do Hemisfério Norte, torna a costa norte nordestina do Brasil uma localização estratégica, devido à proximidade dos portos necessários para esse comércio.

A CNI destaca a importância de um marco regulatório sólido para a indústria eólica offshore, a fim de garantir segurança jurídica aos investidores. Atualmente, um projeto de lei que regula a cessão de áreas, a cobrança de outorgas e os critérios para a realização de leilões está em tramitação no Congresso Nacional.

A Petrobras também demonstrou interesse na expansão da energia eólica offshore, com uma parceria firmada em março de 2023 com a multinacional norueguesa Equinor para avaliar sete projetos no Brasil, com potencial para gerar até 14,5 GW.

Com a perspectiva de aumento na capacidade de geração de energia limpa, o Brasil pode não apenas fortalecer sua matriz energética, mas também consolidar-se como um competidor global no mercado de energia eólica offshore, além de promover o desenvolvimento tecnológico e científico, gerar empregos e contribuir para a segurança energética do país.