
Faltando apenas quatro meses para o fim de 2023, o Distrito Federal (DF) enfrenta uma triste estatística que demanda a atenção urgente de autoridades e da sociedade como um todo. Os números de feminicídios já superam em mais de 45% o total registrado durante todo o ano anterior.
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do DF, enquanto em 2022 foram reportados 17 casos de feminicídio, este ano já contabiliza alarmantes 25 casos até o dia 29 de agosto. Essa tendência chocante levanta sérias preocupações sobre a segurança das mulheres na região.
O relatório da Secretaria também revela que oito em cada dez mulheres vítimas de feminicídio eram mães, e quase sete em cada 10 foram assassinadas em suas próprias casas. Um dado ainda mais preocupante é que em 84% dos casos, essas mulheres já haviam sofrido violência anteriormente antes de serem mortas.
Gisele Ferreira, secretária da Mulher do DF, enfatiza a necessidade de ação urgente. Ela destaca que não é possível ter um policial em cada residência e, portanto, é fundamental que as mulheres denunciem abusos antes que o pior aconteça. Ela afirma: “Estamos intensificando cada vez mais o acolhimento, falando que a mulher tem que procurar ajuda, tem que denunciar, e que existem várias formas de violência, porque antes do feminicídio eles dão sinais: começam com um empurrão, com palavras. Então, a gente tem que colocar toda a sociedade para unir esforços”.
No entanto, os próprios dados da Secretaria de Segurança Pública revelam que em mais da metade dos casos (52%) registrados neste ano, as mulheres já haviam feito boletins de ocorrência, evidenciando a necessidade de uma resposta mais eficaz para proteger essas vítimas.
Sandro Avelar, secretário de Segurança Pública, destaca que a solução para esse problema não pode ser atribuída apenas ao governo, mas exige o engajamento de toda a sociedade. Ele afirma: “É necessária essa integração de várias áreas de governo, mas não só isso. Há que se cobrar o engajamento da sociedade civil. Tem que participar. A imprensa é importantíssima nesse processo. Então, a gente tem difundido na Secretaria de Segurança Pública, como uma meta, esse engajamento da população por meio das denúncias e isso demanda mudança de cultura”.
Thaís Oliveira, do Movimento de Mulheres Olga Benário, defende a reabertura da Casa Ieda Delgado, um importante centro de apoio a mulheres vítimas de violência que foi fechado devido a uma ação de reintegração de posse movida pelo próprio governo do Distrito Federal. Ela ressalta a importância desses serviços e critica o argumento do governo de que já oferece assistência suficiente.
A realidade é que o DF possui apenas duas delegacias especializadas no atendimento à mulher, uma na Asa Sul e outra em Ceilândia. Além disso, existe apenas uma Casa da Mulher Brasileira, também em Ceilândia, que oferece atendimento especializado a vítimas de violência. A unidade da Asa Norte foi interditada em 2018 pela Defesa Civil e nunca foi reaberta, evidenciando a necessidade urgente de investimento em recursos para combater essa epidemia de feminicídios.