Processo de doação de órgãos no Brasil: entenda o sigilo e a importância da comunicação

© Arquivo/Elza Fiúza/Agência Brasil

 

 

O apresentador Fausto Silva, popularmente conhecido como Faustão, de 73 anos, encontra-se hospitalizado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde está recebendo tratamento para uma insuficiência cardíaca. Segundo informações, Faustão aguarda um transplante cardíaco e já está na fila de espera do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde.

Muitos questionam se, de acordo com a legislação vigente, é possível descobrir a identidade do doador de um órgão quando alguém é contemplado com a doação. A Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de São Paulo esclarece que o processo de doação de órgãos é rigorosamente sigiloso. Isso significa que tanto o receptor quanto o doador não têm conhecimento da identidade um do outro.

A única exceção a essa regra ocorre no caso de um receptor que já esteja aguardando a doação de um órgão de um familiar falecido. Nestes casos, a identidade do doador e do receptor pode ser revelada. No entanto, para todos os outros órgãos, como coração, pulmões, fígado, pâncreas, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões, a identidade permanece anônima.

No Brasil, a legislação não exige que as pessoas registrem oficialmente a sua vontade de serem doadoras de órgãos em documentos ou cartórios. O mais importante é que o potencial doador comunique a sua decisão à família e amigos. Isso é fundamental, uma vez que a negativa familiar é uma das principais razões pelas quais a doação de órgãos não ocorre, já que cerca de metade das famílias entrevistadas não autorizam a retirada de órgãos de seus entes queridos falecidos.

Em relação aos órgãos que podem ser doados, um doador vivo pode doar um rim, parte do fígado, parte do pulmão ou parte da medula óssea. No caso de um doador falecido que não sofreu parada cardiorrespiratória, órgãos como coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões podem ser doados. Se o doador falecido tiver sofrido parada cardiorrespiratória, apenas tecidos para transplante, como córnea, vasos, pele, ossos e tendões, podem ser doados.

Finalmente, é importante observar que, após a retirada de um coração de um doador, ele deve ser transplantado em um prazo máximo de quatro horas. Para outros órgãos, como pulmão (até seis horas), fígado e pâncreas (até 12 horas), e rins (até 48 horas), existem limitações de tempo para garantir a viabilidade do órgão para transplante. A doação de órgãos é um ato nobre que salva vidas, e a conscientização sobre esse processo é fundamental para ampliar as oportunidades de transplante e oferecer esperança a quem aguarda por um órgão.