
Uma parceria das empresas Gerdau, Vamos (concessionárias Transrio e Tietê) e Volkswagen Caminhões e Ônibus vai retirar 100 caminhões com mais de 20 anos de uso das estradas brasileiras. A colaboração, anunciada nesta terça-feira (22/8), só foi possível graças ao programa de renovação de frota do Governo Federal. Lançado em 6 de junho e previsto para durar quatro meses, o programa será estendido.
Há que se fazer um esforço para reduzir acidentes rodoviários, e é aí que entra a renovação de frota por veículos novos com mais segurança. Reduz acidente, que é a terceira causa de morte no Brasil, e por outro lado tem um ganho ambiental duplo. Primeiro, o caminhão/ônibus novo vai poluir muito menos. Segundo, quando há renovação de frota, há reciclagem, emitindo menos carbono”
Geraldo Alckmin, presidente da República em exercícioA prorrogação foi anunciada pelo presidente da República em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que participou do evento na unidade de produção de aço da Gerdau em Araçariguama, em São Paulo. Ele antecipou, durante o evento, que está em desenvolvimento, junto ao BNDES, uma linha de financiamento de R$ 1 bilhão, atrelada à taxa Selic pós-fixada, para aquisição de caminhões novos.
Lançado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços no dia 6 de junho, o programa de renovação de frota foi instituído pela Medida Provisória nº 1175 e prevê retirar de circulação ônibus e caminhões no fim da vida útil e com destinação da sucata. O objetivo é proporcionar mais qualidade de vida e rentabilidade para motoristas autônomos, elevar a produtividade do sistema logístico brasileiro, contribuir com a economia e com um futuro mais sustentável, além de reduzir a emissão de partículas poluentes e os acidentes de trânsito.
“Há que se fazer um esforço para reduzir acidentes rodoviários, e é aí que entra a renovação de frota por veículos novos com mais segurança. Reduz acidente, que é a terceira causa de morte no Brasil, e por outro lado tem um ganho ambiental duplo. Primeiro o caminhão/ônibus novo vai poluir muito menos, segundo que quando há renovação de frota há reciclagem, emitindo muito menos carbono pra fazer o aço. É muito melhor fazer reciclagem”, destacou Alckmin.
Até o momento, as empresas de ônibus e caminhões usaram 27% dos recursos disponíveis para o programa de renovação de frota. Para os veículos de transporte de passageiros e cargas, foram disponibilizados R$ 1 bilhão em créditos tributários, sendo R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus. “Indústria é agregação de valor, é renda e inovação. É preciso fortalecer a indústria para ajudar o Brasil a se fortalecer”, disse.
O programa prevê descontos entre R$ 33,6 mil e R$ 99,4 mil. Para ter direito ao desconto, o comprador precisa entregar um veículo equivalente com mais de 20 anos de uso para reciclagem e dar baixa no respectivo Detran. Essa obrigatoriedade – fundamental para que o programa cumpra seu compromisso com a descarbonização – vinha tornando as negociações mais lentas, devidos aos procedimentos específicos de cada departamento estadual de trânsito e à capacidade das recicladoras. No último dia 27, entretanto, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicou deliberação simplificando os procedimentos de baixa, o que deve acelerar os processos a partir de agora.
No caso dos ônibus, foram usados R$ 170 milhões, ou 56% dos recursos disponíveis, pelas montadoras FCA Fiat Chrysler, Mercedes-Benz, Ford Motor, Marco Polo, Iveco, Scania, Volare, VW Truck & Bus, Volvo, Caio, Ciferal, Comil e Irizar. No dos caminhões, os recursos usados até o momento somam R$ 100 milhões (14%), pelas empresas FCA Fiat Chrysler, Peugeot Citroen, Mercedes-Benz, Ford Motor, Iveco, Scania, VW Truck & Bus, Volvo e Daf.
VEÍCULOS DE AUTÔNOMOS
Por meio de uma portaria publicada em julho, o Governo Federal permitiu às empresas terem acesso ao benefício com aquisições de caminhões antigos de motoristas autônomos. Isso facilitou o acesso dos profissionais do volante – até então, apenas 14% do montante disponível havia sido utilizado –, já que o proprietário do veículo antigo – em geral um caminhoneiro autônomo – não dispõe de recursos ou crédito para aquisição de um zero quilômetro, ainda que financiado.
O programa estabelece um mecanismo de desconto para facilitar a compra de veículos mais sustentáveis por autônomos e pessoas jurídicas. Além de aquecer o mercado automotivo e manter funcionando a cadeia produtiva do setor, o programa contribui para colocar em circulação veículos com mais eficiência energética e, portanto, menos poluentes. Para obter o benefício, o comprador precisa entregar um veículo equivalente com mais de 20 anos de uso para reciclagem.
A Vamos, uma empresa da Simpar, investiu mais de R$ 4 milhões na aquisição de 100 caminhões com mais de 20 anos de fabricação e que eram de propriedade de motoristas autônomos. Para realizar a aquisição, a empresa fez a prospecção de caminhões em locais onde se concentra esse tipo de veículo, como os portos em Santos (SP) e no Rio de Janeiro (RJ). Com 53 anos, por exemplo, o caminhão mais antigo estava em atividade no Porto de Santos, onde atuava no transporte de mercadorias entre armazéns.
Após a desmobilização, a Vamos encaminhará os veículos adquiridos à Gerdau, maior recicladora de sucata ferrosa da América Latina, que será responsável por transformá-los em matéria-prima para a produção de aço 100% reciclável e com uma baixa pegada de carbono. Com isso, se encerra o ciclo de vida do caminhão em linha com a economia circular, conceito que consiste na criação de soluções colaborativas para incentivar a reciclagem e reutilização de matérias-primas, proporcionando um uso mais sustentável dos recursos naturais.
“Essa parceria que estamos anunciando hoje é um exemplo da nossa confiança no ambiente favorável de negócios que temos aqui no Brasil, e contribui para o fortalecimento do setor industrial brasileiro como um todo”, finalizou o vice-presidente da Gerdau, Rubens Pereira.