
O Ministério da Saúde anunciou uma expansão da vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) no Brasil. Agora, vítimas de violência sexual, entre 9 e 45 anos de idade, fazem parte do grupo prioritário para a imunização contra o vírus. Essa medida visa garantir a proteção contra o HPV, uma infecção sexualmente transmissível que está associada a uma série de cânceres, incluindo o câncer do colo do útero, vulva, pênis, ânus e orofaringe.
Anteriormente, a vacinação contra o HPV era aplicada apenas em crianças e adolescentes de 9 a 14 anos e em adultos entre 9 e 45 anos com condições de saúde especiais, como aqueles vivendo com HIV/Aids, transplantados ou pacientes oncológicos em tratamento imunossupressor. Essa expansão segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Associação Pan-Americana de Infectologia (API).
A decisão de ampliar o público-alvo é uma resposta à diminuição da cobertura vacinal, que afetou especialmente o grupo prioritário de crianças e adolescentes. Em 2019, 87,08% das meninas nessa faixa etária receberam a primeira dose da vacina, enquanto em 2022 esse número caiu para 75,81%. No caso dos meninos, a cobertura vacinal diminuiu de 61,55% em 2019 para 52,16% em 2022.
Dados do Ministério da Saúde revelam que, entre 2015 e 2021, houve 202.948 notificações de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, com 35.196 delas ocorrendo apenas em 2021, representando o maior número durante esse período. Em São Paulo, por exemplo, 30% das vítimas de violência sexual atendidas em serviços especializados desenvolveram lesões de HPV.
A oferta da vacina contra o HPV para vítimas de violência sexual será imediatamente incluída nos protocolos de atendimento existentes e será administrada em unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) que prestam assistência a essas vítimas. Nas áreas de saúde indígena, as equipes dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) serão responsáveis pela oferta da vacina.
O esquema de vacinação contra o HPV varia de acordo com a faixa etária e condições de saúde do indivíduo. Pessoas de 9 a 14 anos, sem problemas de imunossupressão, devem tomar duas doses da vacina. Para pessoas de 15 a 45 anos, o esquema é de três doses. Para aquelas com doenças imunossupressoras, o esquema também é de três doses. Essas vacinas são essenciais na prevenção do HPV e, consequentemente, de vários tipos de câncer associados a ele.