Onome de Margarida Maria Alves foi inserido no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A líder camponesa inspira a Marcha das Margaridas, que teve a edição mais recente nos dias 15 e 16/8, em Brasília. A Lei nº 14.649 foi sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 17/8.
Margarida é símbolo dessa marcha e de muitas lutas. Inspiração para tantas outras mulheres. Mulheres que seguem resistindo e lutando por um mundo melhor, sendo ainda vítimas de tantas violências” –Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Margarida foi a primeira mulher presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de sua cidade natal, Alagoa Grande, na Paraíba. Desde o ano 2000, sua trajetória de luta é um incentivo para mulheres camponesas, trabalhadoras do campo, indígenas, quilombolas, ribeirinhas e pescadoras na Marcha das Margaridas, que acontece a cada quatro anos.
TRAJETÓRIA
Margarida Maria Alves nasceu em 5 de agosto de 1933, no município de Alagoa Grande, na Paraíba. Foi trabalhadora rural e rendeira, casou-se e teve um filho. Contra os padrões da época, tornou-se a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande.
Lutava pelos direitos dos trabalhadores rurais e reivindicava a regulamentação da jornada de trabalho, carteira assinada, férias e décimo terceiro para camponeses da região. Durante o período em que presidiu o sindicato, fazendeiros e proprietários de engenho receberam centenas de ações trabalhistas por violação nos direitos dos trabalhadores.
Margarida foi assassinada a tiros na porta de casa, aos 50 anos de idade, em 12 de agosto de 1983, após sofrer diversas ameaças. Desde então, seu nome se tornou símbolo de força e coragem e sinônimo de luta das mulheres do campo. Neste ano, seu assassinato completa 40 anos e as margaridas, como são chamadas as mulheres que participam do encontro, reivindicam direitos sob o tema “Pela Reconstrução do Brasil e pelo bem viver”.
O presidente Lula, que já discursou ao lado de Margarida em 1981, enfatizou que “Margarida é símbolo dessa marcha e de muitas lutas. Inspiração para tantas outras mulheres. Mulheres que seguem resistindo e lutando por um mundo melhor, sendo ainda vítimas de tantas violências”.
Outras mulheres já possuem seus nomes inscritos no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, como Laudelina de Campos Melo, outra sindicalista pioneira na luta pelos direitos das domésticas. O livro está localizado no Panteão da Pátria Tancredo Neves, situado na Praça dos Três Poderes em Brasília. O local é aberto à visitação do público em geral, com entrada gratuita.