Com a retomada do interesse do governo federal no funcionalismo público, o ânimo dos “concurseiros” – termo utilizado para descrever aqueles que aspiram se tornar servidores públicos – tem sido revigorado. Nos últimos meses, uma série de oportunidades de concursos tem sido anunciada, o que leva os aspirantes a servidores a planejar seus estudos e intensificar a revisão de conteúdos cruciais.
Enfrentar o vasto conteúdo e gerenciar as emoções ao longo desse percurso é algo que muitos concurseiros preferem fazer em conjunto com outras pessoas que compartilham da mesma etapa e entendem as pressões envolvidas.
Em algumas situações, quando há a percepção de desvantagem em relação a outros candidatos e quando não é possível arcar com um curso preparatório, a alternativa é buscar um cursinho popular. Nesse contexto, o aprendizado vai além dos conteúdos, adentrando também a esfera política.
O cursinho popular Ivone Lara, situado em Itaquera, São Paulo, é direcionado para candidatas que buscam concursos nas áreas de serviço social e psicologia. Alline Evelyn Santos, uma das professoras do cursinho, explicou que migrou para o ensino voltado para concursos após dar aulas em outro cursinho voltado para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “No segundo semestre, também receberemos estudantes da Pedagogia”, destaca Alline.
Rotina de Estudos Geralmente, os concurseiros adotam uma rotina extensa de estudos, frequentemente estudando até altas horas da noite, revisando livros, apostilas, anotações e esquemas de memorização. Alguns chegam a abandonar seus empregos para se dedicar inteiramente aos estudos.
Embora existam concursos que demandem um esforço ainda maior, como o do Instituto Rio Branco, que abre portas para a carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores, o desafio crucial é decorar e assimilar conteúdos. Para muitos, a prova é uma chance única que surge raramente e muitas vezes implica até mesmo em viajar para o local do teste, exigindo um planejamento completo, incluindo gastos.
Uma das alunas do Ivone Lara, a assistente social Raquel Fernandes, que reside no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo, ingressou no cursinho há um ano e meio por recomendação de um amigo. Duas vezes por semana, ela participa das aulas, um dia para matemática e língua portuguesa e outro para conhecimentos específicos de sua área.
Devido ao seu emprego de período integral, Raquel se esforça para equilibrar sua vida pessoal e profissional com os estudos para concurso, reservando pelo menos três horas semanais para revisar o conteúdo, seja pela manhã ou nos fins de semana. Ela também destaca a importância das aulas abertas para a população que abordam temas relevantes, como o combate ao racismo e à LGBTQIfobia.
O cursinho popular não apenas proporciona uma preparação eficaz para os concursos, mas também cria uma comunidade coletiva de aprendizado e engajamento em questões sociais, tornando a jornada de estudos uma experiência enriquecedora e solidária.
