Encontrado Documento de Possível Golpe de Estado na Casa do Ex-Ministro da Justiça: Polêmica na CPMI

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O documento que descreve um suposto plano de golpe de Estado no Brasil, descoberto pela Polícia Federal (PF) na residência do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, foi o assunto central nas discussões da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro.

O ex-ministro alegou que, devido à carga de trabalho, costumava levar documentos para casa e, posteriormente, os importantes eram enviados de volta ao ministério, enquanto outros eram descartados. Torres afirmou que o documento em questão, denominado “minuta do golpe”, estava destinado ao descarte. Entretanto, ele assegurou que não sabe quem entregou esse documento apócrifo e desconhece suas origens.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou a versão apresentada por Torres, citando um documento do Ministério Público Federal que afirmava que a minuta estava “muito bem guardada em uma pasta do governo federal, junto com outros itens de especial singularidade, como fotos de família e imagem religiosa”. Eliziane também mencionou fotos que indicariam que a minuta estava organizada em um armário, o que contradiz a alegação de que era destinada ao descarte.

Em resposta, Torres defendeu que o documento não estava em um local privilegiado em sua casa e afirmou que alguém provavelmente havia mudado de lugar a minuta do golpe enquanto arrumava o quarto.

O deputado federal Rafael Brito (MDB-AL) questionou Torres sobre as impressões digitais presentes no documento, já que a perícia da Polícia Federal identificou apenas três impressões digitais: as dele, de seu advogado e do delegado que fez a apreensão do documento. Brito argumentou que, se não houvesse luvas envolvidas, isso sugeria que Torres havia imprimido e guardado o documento. No entanto, Torres negou a impressão do texto e afirmou não entender por que outras impressões digitais não foram encontradas.

Quando questionado novamente sobre a falta de impressões digitais, Torres mencionou a existência de fragmentos não identificados. A discussão na CPMI destaca as questões sobre a origem e autenticidade do documento, bem como possíveis implicações políticas relacionadas ao tema.