Índice inédito revela impacto da saúde mental em diferentes grupos da população brasileira

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O Índice Instituto Cactus – Atlas de Saúde Mental (iCASM) divulgou sua primeira edição nesta sexta-feira (4), trazendo informações cruciais sobre a saúde mental dos brasileiros e identificando grupos mais vulneráveis. A pesquisa, que abrangeu 2.248 pessoas em 746 municípios de todas as regiões do país, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, revelou que a sanidade mental é mais atingida em mulheres, pessoas trans, jovens e entre os desempregados.

Conduzido pelo Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, o iCASM avalia diferentes aspectos da saúde mental, tanto em suas dimensões positivas como negativas. Os fatores mais associados à saúde mental dos entrevistados foram gênero, orientação sexual, renda, situação profissional, relações familiares e prática de esportes.

Dividido em três áreas – confiança, foco e vitalidade – o índice varia de zero a mil pontos, com 635 pontos sendo a pontuação média desta primeira edição. A confiança obteve 733 pontos, enquanto a vitalidade e o foco alcançaram, respectivamente, 637 e 535 pontos.

O estudo também investigou o acesso e uso de serviços de saúde mental no Brasil. De acordo com os dados coletados, apenas 5% dos brasileiros fazem psicoterapia, enquanto 62,5% não utilizam nenhum serviço de apoio à saúde mental. Cerca de 20,9% procuram serviços de saúde mental privados, e 16,6% recorrem a serviços públicos. A pesquisa revelou ainda que 41% dos entrevistados estão insatisfeitos com os serviços de saúde em geral, enquanto 30% declararam estar satisfeitos ou muito satisfeitos.

Em relação ao gênero, as mulheres e pessoas trans apresentaram pontuações mais baixas no índice, destacando a vulnerabilidade desses grupos em termos de saúde mental. Além disso, a faixa etária dos jovens, entre 16 e 24 anos, demonstrou ser a mais afetada, com uma pontuação de 534 pontos, enquanto os mais velhos, de 60 a 100 anos, apresentaram uma pontuação mais elevada de 757 pontos.

Questões relacionadas a finanças também influenciaram significativamente a saúde mental dos entrevistados. A preocupação com a condição financeira foi relatada por 90% dos participantes, com 58% afirmando que se preocupam três vezes ou mais nas últimas duas semanas. A situação de desemprego impactou ainda mais a saúde mental, com uma pontuação de 494 pontos, 186 pontos abaixo da média populacional.

A prática de esportes mostrou-se associada a um índice de saúde mental mais elevado, com os que se exercitam três ou mais vezes por semana alcançando 722 pontos, enquanto o grupo que não pratica atividade física obteve uma pontuação de 580.

O iCASM pretende tornar-se uma referência de dados sobre a saúde mental do Brasil, proporcionando informações fundamentais para a sociedade, pesquisadores e gestores públicos, além de contribuir para a formulação de políticas públicas voltadas para a melhoria da saúde mental da população. Com a perspectiva de realizar edições semestrais, a pesquisa busca estabelecer uma série histórica para acompanhar a evolução desses indicadores e compreender as diferenças entre os grupos ao longo do tempo.