Aumento do desmatamento no Cerrado reforça necessidade de plano específico, aponta WWF-Brasil

© Marcelo Camargo/Agência Bras

 

A divulgação dos dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nesta quinta-feira (3), trouxe preocupação quanto ao aumento do desmatamento no bioma do Cerrado. De acordo com as informações, os avisos de desmatamento do Deter tiveram um aumento de 21% no Cerrado durante os primeiros sete meses do ano.

Entre agosto de 2022 e julho de 2023, mais de 6.359 quilômetros quadrados foram desmatados no Cerrado, sendo a região do Matopiba, que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a mais afetada. Somente em julho de 2023, foram desmatados 612 km² no Cerrado, representando um aumento de 26% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

A organização não governamental WWF-Brasil avalia que a situação é crítica e ressalta os impactos negativos desse cenário, como a perda de recursos hídricos, biodiversidade e o processo de expulsão de comunidades locais associado ao desmatamento do bioma. Ana Carolina Crisóstomo, especialista de Conservação do WWF-Brasil, alerta para a urgência de medidas para conter essa destruição.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima planeja lançar a quarta fase do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Bioma Cerrado (PPCerrado) em outubro de 2023. Segundo a ministra Marina Silva, o aumento do desmatamento requer uma estratégia mais articulada no âmbito do PPCerrado, dada a dimensão dos prejuízos ambientais, econômicos e sociais causados.

O WWF ressalta que o Cerrado já perdeu mais de 50% de sua cobertura vegetal nativa e abriga cerca de 25 milhões de pessoas, incluindo aproximadamente 80 etnias indígenas e diversas comunidades quilombolas. A entidade enfatiza que o bioma é crucial para o Brasil, sendo conhecido como a “grande caixa d’água” do país, e a perda de sua cobertura vegetal terá impactos severos na produção agrícola e no abastecimento de grandes centros urbanos.

Em relação à Amazônia, o WWF-Brasil reconhece que houve uma queda significativa no desmatamento em julho de 2023, com uma redução de 66% da área sob alertas em comparação ao mesmo período do ano anterior. A organização destaca que o governo brasileiro tem se comprometido com o combate ao desmatamento na região após quatro anos de destruição. Porém, ressalta que ainda é preciso tomar medidas urgentes, como combater o garimpo ilegal e criar mais unidades de conservação, para garantir a sobrevivência da Amazônia e suas populações.