OMS divulga relatório sobre controle do tabaco, destacando avanços e desafios

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Nesta segunda-feira (31), a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um relatório apontando que 5,6 bilhões de pessoas, o que corresponde a 71% da população mundial, estão protegidas por alguma medida de controle do tabaco. Essa porcentagem é cinco vezes maior do que a registrada em 2007, e a implementação de políticas específicas nesse sentido resultou na redução de 300 milhões de fumantes nos últimos 15 anos.

O relatório também destaca que as Ilhas Maurício, na África, e os Países Baixos, na Europa, se juntaram ao Brasil e à Turquia como exemplos internacionais no controle do tabaco, adotando os seis critérios principais conhecidos como MPOWER: monitorar o uso e as políticas de prevenção, proteger as pessoas da fumaça, oferecer ajuda para quem deseja parar de fumar, alertar sobre os perigos, criar barreiras contra publicidade e aumentar os impostos.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ressaltou que, aos poucos, cada vez mais pessoas estão sendo protegidas dos danos causados pelo tabaco graças a políticas de práticas baseadas em evidências.

Entretanto, ainda há desafios a serem superados. O relatório aponta que oito países precisam cumprir apenas mais um dos critérios MPOWER para se juntarem ao grupo de líderes em controle do tabaco. Por outro lado, existem 44 países que não adotam nenhum dos critérios e 53 países que sequer proíbem o fumo dentro de estabelecimentos de saúde. Somente metade de todos os países possui locais de trabalho e restaurantes livres de fumo.

A OMS enfatiza a importância de criar ambientes livres de fumo, visando proporcionar um ar mais limpo e proteger a população dos efeitos prejudiciais do tabaco. Estima-se que cerca de 1,3 milhão de pessoas morram todos os anos como fumantes passivos em todo o mundo, e a exposição à fumaça do cigarro aumenta os riscos de ataques cardíacos, acidente vascular cerebral (AVC), doenças respiratórias, diabetes tipo 2 e diferentes tipos de câncer.

No Brasil, embora o país tenha atingido o nível mais alto de medidas de controle do tabaco em 2019, ainda há desafios a serem enfrentados. A Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 mostra que o total de adultos fumantes no país é de 12,6%, e o câncer de pulmão, uma das principais causas de morte, é resultado do tabagismo em 80% dos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Para Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer, o Brasil precisa continuar investindo em políticas públicas para reduzir o consumo de tabaco e o número de fumantes. Ele destaca a importância de intervir no preço do cigarro, uma das principais medidas para redução do tabagismo, além de aumentar o controle das divisas para coibir o comércio ilegal.

Uma das maiores preocupações relacionadas ao tabagismo é o consumo de cigarros eletrônicos, especialmente entre os mais jovens. Mesmo com a proibição da comercialização e propaganda desses produtos no Brasil, o acesso ilegal ainda é possível, e pesquisas mostram que um a cada cinco jovens de 18 a 24 anos utiliza cigarros eletrônicos. Luiz Augusto Maltoni alerta para os riscos desses dispositivos, destacando que, nos Estados Unidos, onde seu uso é permitido, tem havido um aumento de dependentes e casos graves de doenças relacionadas ao cigarro eletrônico, incluindo uma síndrome chamada Evali, que causa inflamação nos pulmões e insuficiência respiratória nos jovens.