Desalento entre Jovens Brasileiros Revela Necessidade de Políticas de Inclusão e Oportunidades

 

Um estudo conduzido pela pesquisadora Mônica Peregrino, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), revelou uma preocupante realidade entre os jovens brasileiros, caracterizada pelo desalento e falta de oportunidades. Essa situação foi enfatizada por lideranças juvenis que alertam para o desperdício de talentos, força e energia dos jovens no país.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cerca de 36% dos jovens brasileiros enfrentam uma situação de “nem-nem”, ou seja, nem estudam nem trabalham. Esse cenário tem sido particularmente desafiador para os jovens de origem mais humilde, que sofrem com a ausência de integração e encontram dificuldades para se engajar em instituições sociais.

Mônica Peregrino destaca que, diferentemente de outros países, o trabalho é uma parte fundamental da identidade dos jovens brasileiros. Entretanto, o estudo mostra que a transição da escola para o mercado de trabalho é mais suave para os jovens mais ricos, enquanto os jovens mais pobres enfrentam uma transição abrupta e com pouca possibilidade de estudar e trabalhar simultaneamente.

Essa ausência de oportunidades deixa os jovens mais pobres à margem da sociedade, sem acesso a políticas públicas e direitos de cidadania. A pesquisadora lamenta que as últimas reformas no país têm contribuído para dificultar a permanência dos jovens na escola e o acesso ao mercado de trabalho, tornando o quadro ainda mais desafiador para essa faixa da população.

Para enfrentar esse cenário e desenvolver soluções eficazes, Mônica Peregrino enfatiza a importância de ouvir os jovens e suas necessidades específicas. Por exemplo, muitas mulheres jovens enfrentam dificuldades para estudar devido à falta de creches ou espaços adequados para cuidar de seus filhos.

Manuella Mirela, presidente eleita da União Nacional dos Estudantes (UNE), acredita que é essencial aproveitar o momento de janela demográfica no Brasil para avançar economicamente e envolver os jovens.

Jade Beatriz, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), ressalta a evasão escolar no ensino médio como um grande obstáculo para a formação e o ingresso no mercado de trabalho. Ela destaca a necessidade de investimentos em escolas técnicas para conter essa evasão e garantir que os jovens possam migrar do trabalho precarizado para o trabalho decente.

Em suma, o desalento entre os jovens brasileiros requer ações efetivas por parte das autoridades e da sociedade em geral, visando a inclusão, a criação de oportunidades e a valorização do potencial desses jovens, de forma a permitir que eles alcancem uma transição suave para a vida adulta e possam contribuir positivamente para o desenvolvimento do país.